terça-feira, 10 de novembro de 2009

A UNIBAN NÃO PODE SER UM TRIBUNAL DA INQUISIÇÃO!

Geisy merece respeito!

A Uniban não pode ser um tribunal da Inquisição!

Uma cena digna de um filme de horror aconteceu na Uniban (Universidade Bandeirantes), de São Bernardo do Campo. A aluna Geisy Arruda, de 20 anos, foi hostilizada e perseguida por cerca de 700 alunos nas dependências dessa Universidade, por usar um vestido considerado curto por um bando de estudantes. A turba achou-se no direito de xingar, tocar, fotografar e filmar a aluna Geisy, numa atitude de barbárie, respaldada pela hipocrisia do discurso medieval da "moral e bons costumes". A história acabou com a estudante trancada na sala de sua turma, com a multidão pressionando porta e janelas, pedindo que ela fosse entregue para ser ainda mais aviltada. Alguns colegas, funcionários e professores protegeram a moça até a chegada da PM, que a tirou da escola sob escolta.

Aqueles alunos enfurecidos expressaram publicamente a concepção machista de que as mulheres não têm desejo próprio nem podem se destacar na multidão. Por isso se propunham a puni-la com o estupro para colocá-la "em seu lugar" e lembrar que sexo, para as mulheres, como diziam os pensadores medievais, deve ser um sofrimento imposto e nunca uma iniciativa ou um prazer. O horrível espetáculo lembrava a queima de bruxas e a Inquisição na idade Média.

O mais chocante, no entanto, foi a atitude da Uniban, que se diz uma Universidade, um centro de educação/formação profissional: expulsou a vítima considerando-a “culpada” por ter “provocado” os colegas, o que, segundo o argumento usado, resultou “numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar”. Mais uma vez, como no tempo dos assassinatos em “legítima defesa da honra”, a vítima é julgada e a priori considerada “culpada”, colocada no banco dos réus e exposta à execração pública. Que concepção educacional a Uniban pretende defender?

Que poder é esse que as instituições e os homens têm sobre o corpo das mulheres? Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos fundados na ideologia patriarcal, travestida pela imposição do consumo e pela coisificação das pessoas, “do outro” manifestada em ações de violência e barbárie numa “atitude de apartação social, de opressão e discriminação” de gênero. Reação de intolerância aos direitos humanos das mulheres, que hoje, mesmo sendo combatidas, estão enraizadas no comportamento da sociedade brasileira e no mundo. Uma cultura que atribui aos homens prerrogativas que lhes permitem ditar normas de conduta para as mulheres, assim como julgar a correção do cumprimento de suas ordens, desrespeitando os direitos humanos e os princípios constitucionais que regem a sociedade brasileira.

A União Brasileira de Mulheres (UBM) vem a público protestar contra a expulsão da estudante Geisy Arruda, exigindo a punição dos culpados e a reintegração da aluna ao corpo discente da Uniban.

São Paulo, 9 de novembro de 2009