sexta-feira, 4 de março de 2011

8 DE MARÇO COMEMORA CONQUISTA SEM ESQUECER VITIMAS COMO RACHEL

Nos últimos anos, as mulheres, tiveram vitórias significativas, avançando importantes passos na luta por direitos, equidade de gênero e emancipação.


Mas, ainda há muito que alcançar. Em nome da União Brasileira de Mulheres, entidade que luta por direitos e pela emancipação da mulher há 22 anos, em nome da minha família que sofre sistematicamente com a ausência da nossa pequena, em nome da minha irmã, mãe da Rachel, que teve a filha tirada dos braços de forma cruel e brutal, por um monstro, um psicótico sádico que está livre. E em meu nome, que perdi a minha filhinha, o meu anjo, a minha docinha... minha amiga. Que não posso mais colocá-la para dormir, com histórias, conversas e beijinhos. Que não posso mais levá-la para conhecer o mundo e todas as desigualdades que nele existe, além de seus encantos e saberes historicamente produzidos e sistematizados pela humanidade. Que não posso mais ouvir suas tiradas e seus comentários espirituosos, inteligentes, cheios de vida e de sagacidade.

Em nome da pequena Rachel, com toda sua potencialidade, com seu sorriso largo e coração grande, que teve a vida ceifada, arrancada por um maníaco, a luz do dia, violentada sádica e brutalmente, com seu corpo abandonado, em uma mala, na rodoviária de Curitiba.

Faço uma reflexão. Qual o tamanho, ainda, da luta das mulheres para que, possa garantir o direito à vida? Quantas vidas custam ainda, para que o Poder Público no Paraná crie a Secretaria Estadual de Políticas para Mulheres? Quantas vítimas infantis teremos que chorar para que ocorram maiores investimentos na investigação e na prisão do assassino da Rachel e de todas as meninas e mulheres vítimas de violência?

O caso da pequena Rachel, de apenas 09 anos, não é somente um caso de polícia, ou uma situação de direitos humanos, é um caso de segurança pública. Deve ser de amplo conhecimento e debatido por toda sociedade.

Falta muito apoio à investigação. Enquanto vemos muitos recursos em casos midiáticos, no caso da Rachel uma simples fita de vídeo de baixa resolução não pode ser usada, pois não existem recursos, apesar de alguns esforços da polícia, para reconhecer as imagens e encontrar o assassino.

Muitas vezes aconteceu que, ao recolher material genético de um suspeito, o IC (instituto de Criminalística) não tinha material químico, reagente, para submeter a teste de DNA. Sem os mínimos recursos, dificulta muito a ação dos investigadores, que, mesmo abnegados, não podem concluir o inquérito, com a resolução do caso.

A abertura do inquérito, a maneira que o corpo foi retirado da mala na rodoviária, a exposição e o “circo” armado com a imprensa sensacionalista, também são parte desta triste tragédia, que teve seu início marcado por descaso e negligência das autoridades.

Minha família está desamparada, e faz parte da triste lista de famílias vítimas de violência, abandonadas pelo Estado.

Neste 08 de março de 2011 a luta deve ser intensificada, mesmo com a eleição da primeira presidenta do pais, e da conquista da Lei Maria da Penha, ainda em pleno século XXI permanece a condição de subordinação da mulher, sendo queimadas, violentadas e espancadas por seus maridos, companheiros, pais ou parentes ou continuam vítimas de discriminação social, de abusos desumanos como torturas físicas e psicológicas.

A luta por uma nova sociedade está mais viva e pulsante do que nunca, impulsionar as transformações na sociedade, construir uma nova ordem, justa e emancipatória é tarefa de todas e todos que tem em seus sonhos a esperança de um novo futuro.

Rachel, Maria, Margarida – sempre na luta por justiça, igualdade e pela vida!

Carol Lobo – tia da linda Rachel Genofre e integrante da Coordenação da União Brasileira de Mulheres – Seção Paraná.

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