terça-feira, 27 de abril de 2010

Secretaria de Políticas para Mulheres pode se tornar realidade no Paraná

Regina Pessuti, esposa do governador paranaense Orlando Pessuti, em reunião ontem com lideranças feministas, anunciou a possibilidade de criação no Paraná da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Esta é uma reivindicação do movimento feminista e de mulheres do Paraná, pautada nas duas Conferências de Políticas para as Mulheres e nas lutas do movimento.

Participaram da reunião, além de Regina Pessuti, Gleisi Hoffmann, as deputadas Rosane Ferreira e Luciana Rafagnin, as militantes feministas Antonia Passos (Fórum Popular de Mulheres), Alzimara Bacellar (Federação de Mulheres do Paraná), Regina (CUT) e Elza Maria Campos UBM-PR).

Na ocasião, Regina destacou que, além da criação da Secretaria de Mulheres, o Governador também ativará o Conselho Estadual da Mulher, que não se reúne há dois anos. Para tanto, Pessuti deverá encaminhar até meados de maio à Assembléia Legislativa uma mensagem propondo a criação da Secretaria e assinará decreto reativando o Conselho.

Coube às companheiras do movimento de mulheres assumir a convocação de uma reunião plenária para debater esta questão com as representantes das Entidades, para nova composição do Conselho Estadual da Mulher do Paraná. O Conselho tem mandato de dois anos e é formado paritariamente entre representantes da sociedade civil e do governo. Ao final, também se reivindicou a assinatura do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, em evento que possa contar com a participação da ministra Nilcéia Freire.

domingo, 25 de abril de 2010

Começou o Curso "Mulher: mais política, mais poder"

Na mesa de abertura. da esquerda para direita, professora Fátima Freitas, Graciela Scandurra e Elza Campos

Com mais de 40 pessoas inscritas, começou na quinta (22) o curso da União Brasileira de Mulheres “Mulher: Mais Política, Mais Poder”. As atividades ocorrem na Faculdade Camões (R. Dr. Muricy, 1098), em Curitiba. O curso é gratuito e tem 140 horas de carga total.

Na abertura, a responsável técnica pelo curso, Graciela Scandurra deu as boas- vindas à classe e apresentou a professora da primeira etapa, cujo tema é “Educação Inclusiva, não Sexista, não racista, não homofóbica e não lesbofóbica”. Graciela discorreu sobre os outros módulos, lembrando que eles se relacionam com alguns dos dez grandes eixos do Plano Nacional de Política para as Mulheres, entre os quais: Autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho, com inclusão social; Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos; Enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres; Participação das mulheres nos espaços de poder e decisão.

A coordenadora da UBM no Paraná, Elza Maria Campos, destacou a trajetória desta Entidade desde a articulação da revista Presença da Mulher. A UBM surgiu em momento de ascenso do movimento social no Brasil, de luta pela democracia, como uma entidade feminista de caráter emancipacionista, ponto de vista segundo o qual a opressão da mulher está em íntima relação com o processo de surgimento da propriedade privada, transformando a própria mulher em propriedade do homem. A gênese desta opressão deva ser compreendida no contexto da opressão de classe, de gênero, de raça, de etnia, e de orientação sexual. Este enfoque sobre a opressão feminina também será discutido no Curso.

Elza Campos fez o registro dos vários congressos da Entidade, suas campanhas de luta, sua inserção no movimento social e destacou o momento político do Brasil – ano de eleições presidenciais e para renovação do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas Estaduais. Em 2010 existe pela primeira vez na história brasileira a possibilidade real de ser eleita uma mulher para a Presidência da República, o que será um marco na ascensão da mulher no cenário político nacional e mundial.

Finalizando, a coordenadora Graciela apresentou o currículo da professora deste módulo, Fátima da Silva e Freitas, graduada em Ciências Sociais pela UFPR e com Mestrado em Antropologia Social pela mesma Universidade. Fátima é consultora do Livro Didático Público do Estado do Paraná pela Secretaria de Estado da Educação e conselheira da Lei de Incentivo à Cultura pela Fundação Cultural de Curitiba. Atualmente é professora da UNIBRASIL, uma das principais universidades de Curitiba, onde leciona as disciplinas de Antropologia, Sociologia e Introdução às Ciências Sociais.

sábado, 17 de abril de 2010

Mais formação para aumentar presença da Mulher nos espaços de Poder


A União Brasileira de Mulheres – Seção Paraná realizou ontem (16/04), em Curitiba, o lançamento do Projeto Nacional “Mulher: Mais Política, Mais Poder”, que reuniu mais de 50 lideranças do movimento social e feminista da capital e do Paraná. Trata-se de um Curso de Formação promovido nacionalmente pela UBM, ocorrendo consecutivamente em seis capitais brasileiras, em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.

Prestigiaram o evento, entre outras lideranças, a Comissão da Mulher Advogada, representada por Sandra Lia Bazzo; a secretária estadual de mulheres do PT, Antonia Passos; a coordenadora da Rede de Mulheres Negras do Paraná, Alaerte Leandro; a presidente da Federação de Mulheres do Paraná, Alzimara Bacellar; a presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar, Ângela Martins; Úrsula Zanon, Presidente da Federação de Associação de Pais e Professores do Paraná; Neuralice Maina, do Sindicato das Secretarias do Paraná; Ivonir Marcondes, Secretária de Mulheres da CTB–Paraná.

Participantes que fizeram uso da palavra parabenizaram a iniciativa da UBM, reconhecendo a importância da formação das mulheres para impulsionar sua participação nos espaços de poder, principalmente no controle social das políticas públicas. A coordenadora da UBM–PR, Elza Campos, recordou Charles Fourier, socialista utópico francês que já no começo do século 19 afirmava: “o grau de emancipação da mulher numa sociedade é o barômetro natural pelo qual se mede a emancipação de um povo”. Sublinhou Elza que “o curso da UBM tem como finalidade central empoderar as mulheres e contribuir para o fortalecimento delas nos espaços de poder”.

Foi destacado que este curso acontece em momento especial da vida do país – ano de eleições presidenciais e para renovação do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas Estaduais. Acredita-se que, no Paraná, pela primeira vez em sua história, há real possibilidade de uma mulher conquistar uma vaga no Senado. Mais relevante ainda, havendo na disputa da Presidência da República as pré-candidaturas de Dilma Rousseff e de Marina Silva, existe a oportunidade concreta de ser eleita a primeira Presidenta em 120 anos de nossa República, permitindo dar continuidade a um projeto de desenvolvimento soberano do país.

A bela voz da coordenadora da UBM Isabel Correa acrescentou um caráter festivo ao evento, seguindo-se um coquetel com sorteio de brindes (gravuras da artista plástica e coordenadora do projeto em Curitiba, Graciela Scandurra).

Em Curitiba, o Curso será realizado em parceria com o Sindicato das Secretárias, Faculdade Camões, Agência do Trabalhador, CTB e outras entidades e instituições. As aulas serão ministradas por professoras graduadas e pós-graduadas em Nível Superior, com vivência nos Movimentos Sociais, Fátima Silva e Freitas, Sandra Basso, Isabel Correa e Maria Aparecida Spranger.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

UBM-PR lança o Curso “Mulher: Mais Política, Mais Poder!”

Curso da UBM tem 140 horas de duração e é gratuito.


O evento "Mulher: Mais Política, Mais Poder" será lançado no dia 16 de abril, às 17h30m, na Rua Pedro Ivo, 750, primeiro andar, na capital do Paraná.


O impasse da dupla jornada de trabalho, a carga dos serviços domésticos, a visão ainda patriarcal de nossa sociedade, tem contribuído para que a mulher continue afastada da vida pública refletindo no pequeno número de mulheres nos parlamentos e cargos executivos.


De acordo com a coordenadora da UBM-PR, Elza Maria Campos, entre 1987 e 2002, 76 deputadas chegaram à Câmara Federal, que conta com mais de 500 parlamentares. Em 2006 este número aumentou na Câmara mas ainda não chega a 9% do total de deputad@s, colocando o Brasil entre os 60 países com pior participação de mulheres no Congresso Nacional. O Paraná não tem representação na Cãmara, nesta legislatura. É fundamental superar a sub-representação feminina na política e em todos os espaços de poder para impulsionar o avanço da democracia no Brasil.


Destaca ainda a coordenadora que, diante das denúncias de corrupção que envolvem centenas de funcionários "fantasmas" da Assembléia Legislativa do Paraná, a UBM vem se somando a esta luta justa para que sejam apuradas todas as denúncias, os envolvidos sejam responsabilizados, presos e o dinheiro roubado seja devolvido para aplicação em políticas públicas.


A UBM defende um mundo de igualdade contra toda a opressão e entende que, para impulsionar a democracia em nosso país, é preciso ampliar a participação das mulheres nos espaços de poder, o que inclui a luta contra a corrupção, pela apuração rigorosa das irregularidades e punição de culpados e culpadas.


Assim, o Curso programado pela Entidade, com apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal, tem papel relevante no enfrentamento desta desigualdade.


O curso organizado pela UBM é gratuito e terá 140 horas de duração, distribuídas em 5 módulos:

1 - Autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho com inclusão social;

2 – Educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não lesbofóbica;

3 – Saúde das mulheres, direitos sexuais e reprodutivos;

4 Enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres;

5 Participação das mulheres nos espaços de poder e decisão.



Sobre a UBM-Paraná

A UBM – Seção Paraná é vinculada à União Brasileira de Mulheres (UBM), organização feminista que congrega mulheres na luta contra a discriminação de gênero, racial, de geração, de orientação sexual ou de qualquer natureza. Volta-se para a defesa dos direitos e reivindicações da mulher, contra a opressão da mulher e por sua emancipação. Atua no sentido da participação da mulher ao lado de outros segmentos da sociedade na garantia da soberania nacional, dos direitos sociais; por um Brasil com igualdade social e de gênero, livre de toda exploração é opressão.

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Serviço:

Mais informações em União Brasileira de Mulheres-PR, com Elza Campos (coordenadora geral), móvel: 9901-8699; e com Graciela Scandurra, fone:3026-1504.

Email: ubmparana@yahoo.com.br


quarta-feira, 14 de abril de 2010

MST diz que Jornal Nacional prepara denúncia “fake”

Recorremos nesse momento a vocês, porque vocês sabem como acontecem as coisas na Globo.
Vejam como usar nas páginas de vocês da melhor forma possível.
Em torno das 18h30, ligou uma produtora da TV Globo para o nosso escritório de Brasília, dizendo que a Kátia Abreu, da CNA, tinha entregado ao Ministério da Justiça um DVD com vídeos e fotos de suposta tortura praticada por militantes do MST.
De cara, a nossa assessora em Brasília pediu as tais imagens. Como comentar imagens sem vê-las? De início, eles se negaram.
Eu liguei para a tal produtora e pedi para que me explicasse se era isso mesmo: o Jornal Nacional ia colocar no ar um vídeo de supostas imagens contra o MST que não tinham nenhuma credibilidade se não uma entidade de classe, a CNA? Tem algum sentido o MST dizer que é o vídeo é falso, depois de 10 segundos das imagens de tortura?
Depois de insistir, resolveram nos mandar o vídeo.
Logo depois, ligou uma repórter – a produtora que estava em contato saiu de circulação. A repórter queria uma posição do MST. Respondemos que a posição do MST era a seguinte: passar imagens sem ter a confirmação da autenticidade era uma irresponsabilidade?
Aí a repórter disse que não iam mais passar as imagens. Que de fato não tinham a confirmação da autenticidade. Depois de um pouco de conversa, ela disse o seguinte: que eu poderia ficar tranqüilo, que as imagens estavam com baixa qualidade (ou seja, foi falta de comprovação de autenticidade ou qualidade?).
Vamos ao vídeo. Vejam em http://www.cna. org.br/email/ CNA/MST.zip (Nota do site: SÓ CLIQUE AO LADO SE VOCÊ QUISER BAIXAR O VÍDEO PARA O SEU COMPUTADOR)
Na primeira parte, as denúncias são contra o MLST (podem reparar que dizem MLST). Logo depois, um homem dá um depoimento em frente a uma bandeira que não é do MST (podem reparar com atenção).
Depois, proprietários dão depoimentos sobre destruição. Sem nenhuma prova de que é o MST. Sem nenhum elemento. Apenas a palavra do depoente.
Em seguida, atacam o Incra. Aparece apenas a palavra do proprietário. Não há provas.
Depois, imagem de um caminhão carregando toras de madeira. E nada que prove que é o MST.
Em seguida, a fala do Joao Pedro sobre os inimigos do MST – e qual o problema?
Na parte posterior, pichações. E só.
Aí está toda a história. Denunciem no blog de vocês e, como o Paulo Henrique nos ensinou, com dinamismo
Espero que vocês nos ajudem na luta contra o Jornal Nacional da Globo e pela Reforma Agrária.
Saudações,
Igor Felippe Santos
Assessoria de Comunicação do MST
Secretaria Nacional – SP
Em tempo: Ah, e para completar, para não deixar dúvidas: o MST defende e respeita os direitos humanos, não tem entre seus procedimentos tortura e qualquer prática contra a pessoa humana e, nesses 25 anos, quem foram torturados e morreram nesse país foram os trabalhadores rurais sem terra (mais de 1500 de 1984 pr
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Fonte: Site: Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Grávidas da violência


Cinco mulheres por dia buscam ajuda para interromper a gravidez
Fernanda Aranda, iG São Paulo | 12/04/2010 11:50


Foto: Getty Images/Photodisc
O aborto é a principal causa de morte materna
Todos os dias, cinco mulheres que engravidaram vítimas de estupros recorrem aos serviços de aborto legal do País.
A violência, mostram os dados, pode acontecer em qualquer idade. Entre as gestantes, estão meninas de apenas dez anos e também senhoras de 60.
O aborto é considerado crime no País mas a lei abre exceções para casos em que a gestação é resultado de violência ou quando a mulher corre risco de morrer por causa da gravidez.
Nestas condições, as pacientes podem ir aos serviços especializados, onde são acolhidas por equipes de médicos, psicólogos e auxiliares capacitados no atendimento do chamado aborto legal.
Um levantamento do Ministério da Saúde, feito a pedido do Delas, mostra que desde 2003 até o ano passado, 14.460 histórias de gestações do tipo passaram pelas 60 unidades de referência em aborto legal existentes no País. Nos locais especializados, a maioria absoluta é de vítimas de estupro.
Do total de grávidas atendidas, duas delas tinham 60 anos, mas o que chama atenção é a parcela que não completou o 18º aniversário. Uma em cada cinco é menor de idade. Entre os números registrados no banco de dados estão casos como a da menina de nove anos, moradora de um município de Pernambuco, que no ano passado engravidou de gêmeos do próprio padrasto. O ventre saliente, suspeitaram os médicos inicialmente, era uma verminose. A gestação já estava na 16ª semana e foi o que quebrou um ciclo de violência repetido durante anos dentro da casa da garota.
Violência consecutiva
O enredo de Pernambuco é recorrente, mostram estimativas do Hospital Pérola Byngton – referência de São Paulo para este atendimento. Lá, mais da metade dos mil atendimentos anuais é de crianças menores de 14 anos. Quando as vítimas são meninas, contam os especialistas do Pérola, elas costumam sofrer estupros consecutivos por cinco anos, em média, até o agressor ser descoberto.
O sigilo é mantido com ameaças por parte do abusador e também por causa do organismo imaturo das vítimas, que ainda sequer menstruou. Quando o corpo fica preparado para a fecundação, a gravidez acaba rompendo o pacto de silêncio, sem deixar de trazer sérias consequências às vítimas.
“Em geral, o grupo mais vulnerável (menores de 14), é cronicamente abusado durante muito tempo. A família e a sociedade só se deparam com a situação, quando a barriga aparece”, afirma Cristião Rosa, secretário da comissão nacional de combate a violência da mulher da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Em 90% dos casos, os abusadores de crianças conhecem a vítima. Em mais da metade deles são os próprios pais ou padrastos.
Pais, padrastos, maridos
Ainda que as vítimas sejam mais velhas, a violência sexual não deixa de ser cometida por pessoas muito próximas. Segundo o Ipas – organização social que atua no mundo todo e também no Brasil em favor das mulheres vítimas de violência - no País é registrada uma taxa de 8,7 estupros em cada 100 mil mulheres e, em maioria, os autores das agressões costumam ser conhecidos. Se com as crianças, o agressor é o pai ou padrasto, as mulheres mais velhas são vítimas do marido, de amigos e de conhecidos.
“Não podia ter aquele filho, daquele jeito. Porque era parte de mim, mas era fruto de uma violência”, afirmou Karina, 29 anos, relações públicas e um dos depoimentos presentes no livro publicado ano passado pelo Ipas, que contou a história de 15 mulheres dois anos depois da realização do aborto legal.
Essa realidade de inimigo íntimo, acredita Leila Adesse – diretora do Ipas Brasil – faz com que a questão violência seja trabalhada em duas frentes. Não apenas a disponibilidade dos serviços especializados precisa ser ampliada, mas também as mulheres e meninas precisam ter consciência do que é a violência, que pode morar dentro de casa.
Ampliação dos serviços

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada semana passada, mostrou que a violência “exporta” diariamente 1.800 pacientes para os serviços públicos de saúde brasileiros. Boa parte das mulheres chega nesses locais por conta de agressões e estupros.
Ao lado desta estatística, está o dado que a principal causa de morte materna das mulheres é o aborto inseguro, feito em clínicas clandestinas, com o auxílio de medicamentos piratas e procedimentos invasivos nada higiênicos (como a agulha de crochê).
Os dados mais recentes mostram que 20% das mulheres com mais de 18 anos já fizeram um aborto na vida. Um estudo de 2000 revelou que 28% das que abortaram não procuraram o médico nem antes e nem depois do aborto. No ano passado, levantamento feito no portal DataSUS mostrou que 98 mil curetagens pós aborto inseguro foram feitas em território nacional.
Esta sequência de números faz com que o Ministério da Saúde trabalhe com a proposta de ampliar a rede especializada de atendimento das mulheres vítimas de violência. Segundo diretor do Departamento de Ações Programáticas do Ministério da Saúde, José Telles, entre 2008 e 2009 já houve um incremento de serviços, passando de 138 para 481. "A ideia é crescer ainda mais", diz.
As unidades que estão credenciadas para fazer o aborto legal, oficialmente, ainda são 60. A constatação de que um estado grande como a Bahia só tem uma unidade (em São Paulo são 10, em Minas Gerais 5) é um termômetro da carência. O diretor da Febrasgo, Cristião Rosa, acredita que o número é maior e até a realização de abortos legais está subestimada. "Por falhas no preenchimento de dados e até por uma cautela em dar esta informação", acredita.
A Igreja Católica e também algumas evangélicas são contrárias a qualquer tipo de aborto, inclusive os que têm autorização legal para serem feitos. As mulheres, vítimas da violência, não são obrigadas a abortar. Mas, se quiserem, podem procurar ajuda nos serviços credenciados.

Fazendeiro Bida é condenado pela morte da missionária Dorothy Stang


Justiça no caso de Dorothy Stang

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u719910.shtml

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
da Agência Folha, em Belém

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado a 30 anos de prisão, em regime fechado, por mandar matar a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang em 2005.

O júri considerou o homicídio duplamente qualificado, pois houve promessa de recompensa e utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Além disso, foi considerado mais um agravante, já que vítima era idosa --Dorothy estava com 73 anos na época do assassinato.

O juiz Raimundo Moisés Flexa falou que Bida tinha uma personalidade "perversa e covarde" e que ele ajudou a matar "uma anciã indefesa". Ainda segundo Flexa, os atos do fazendeiro "negam a própria racionalidade humana".

A condenação foi dada por maioria dos votos do júri. A defesa de Bida afirmou que deve recorrer utilizando o argumento de cerceamento de defesa.

Defesa

Bida negou envolvimento com o crime e disse que não tinha motivação para matar Stang. Um de seus defensores, Paulo Bonna, chegou a errar seu nome durante o julgamento --e afirmou que, caso Bida seja condenado, vai recorrer alegando que houve cerceamento da defesa, já que não teve acesso aos autos.

Como ocorreu em 31 de março, data original do júri, o advogado de Bida, Eduardo Imbiriba, não compareceu. Desta vez, mandou o colega Arnaldo Lopes de Paula, que pediu mais tempo para se inteirar do processo, tentando assim adiar novamente o julgamento.

Mas, em vez de aceitar a prorrogação, o juiz Flexa negou o pedido de Lopes de Paula e nomeou dois defensores públicos para o caso, como prevê a legislação. A reportagem ligou para Imbiriba, mas ele disse que estava "em uma reunião" e que por isso não poderia falar.

Este é o terceiro júri de Bida. Em 2007, ele foi condenado a 30 anos. Como a lei da época permitia um novo julgamento a quem fosse sentenciado a mais de 20 anos, ele passou por um novo júri, em maio de 2008, quando foi absolvido.

À época, a absolvição provocou revolta entre ambientalistas e defensores dos direitos humanos. Para eles, as declarações dos outros três condenados e presos pelo crime, que apontam Bida como o mandante, são provas suficientes de que o fazendeiro é culpado.

Após muita pressão, o júri de 2008 acabou anulado pelo Tribunal de Justiça do Pará no ano passado, acatando pedido do Ministério Público Estadual.

Seis tiros

A missionária foi morta por dois pistoleiros com seis tiros, numa estrada de terra de Anapu (PA), em fevereiro de 2005. Tinha 73 anos. Ela defendia os direitos de pequenos produtores rurais da região de Altamira (PA) e denunciava crimes ambientais e fundiários, como a grilagem de terra.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ciência, tecnologia e gênero - evento inédito na UTFPR em Curitiba

Acontece em Curitiba de 5 a 9 de abril o VIII Congresso Iberoamericano de Ciência, Tecnologia e Gênero, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia (PPGTE) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR, campus de Curitiba, na Av. 7 de Setembro, 3165). É a primeira vez que o Brasil sedia o evento, que tem como principal objetivo discutir a participação da mulher no campo científico e tecnológico das universidades e institutos de pesquisa dos países iberoamericanos. "Por ser inédito no país, o congresso disponibiliza espaço para o debate local sobre os temas e a difusão do conhecimento sobre as pesquisas realizadas pelas mulheres brasileiras", comenta a professora do PPGTE e integrante da comissão organizadora, Nanci Stancki da Luz.


Objetivos do Congresso

1.Criar um espaço de discussão entre pesquisadoras e pesquisadores sobre a participação das mulheres no campo científico-tecnológico das universidades e institutos de pesquisa dos países íberoamericanos.


2.Visibilizar a participação feminina nas pesquisas científico-tecnológicas em todas as áreas do conhecimento, proporcionando novas discussões epistemológicas e críticas, provenientes tanto da crítica feminista da ciência, como das ciências sociais, biológicas e físicas.


3.Possibillitar o intercâmbio entre pesquisadoras e pesquisadores iberoamericanas/os a fim de promover pesquisas em conjunto, parcerias, estudos comparativos, enriquecendo assim as áreas da ciência tecnologia e gênero.


4.Ampliar a inserção de pesquisadoras e pesquisadores brasileiras/os no grupo de estudos iberoamericanos sobre ciência, tecnologia e gênero, ressaltando a importância de se construir genealogias, redes e comunidades de conhecimento que valorizem os contextos da sua produção, construção e transmissão.


5.Debater sobre a participação paritária de cientistas homens e mulheres nos postos de decisão de órgãos de fomento à pesquisa científico-tecnológica, identificando os obstáculos que impedem hoje a equidade de gênero nestes postos.


6.Inserir na discussão da ciência, tecnologia e gênero a temática da educação científico-tecnológica, propondo a criação de políticas públicas que conduzam à participação mais efetiva e igualitária das mulheres na ciência e na tecnologia.

Para mais informações, visite o site da UTFPR.
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Fonte: CREA-PR e UTFPR

domingo, 4 de abril de 2010

Conheça mais a história da experiência anarquista da Colônia Cecília, em Palmeira

A Prefeitura de Palmeira e a Associação Catavento convidam para um ciclo de atividades mostrando a história da Colônia Cecília, a experiência anarquista de iniciativa de imigrantes italianos (foto acima) no final do século XIX na região dos Campos Gerais do Paraná.

A "Semana da Colônia Cecília" já começou, desde o 1. de abril, com uma exposição de fotos no Cine-Teatro Municipal, que vai até 11 deste mês. No dia 5/4, 19h30, na Câmara Municipal, ocorre uma mesa-redonda sobre a Colônia, envolvendo a historiadora Vera Mayer, o professor Arnoldo Bach e a artista plástica Zenilda Bruginski, esta uma descendente dos militantes anarquistas da Colônia. Ainda nesse dia haverá apresentação do Coral Municipal.

Rememorando essa interessante experiência social, ainda estão programados os seguintes eventos:

- 6/4: pronunciamento de vereadores em sessão da Câmara.

- 9/4: exibição do filme "Pão Negro", no Cine-Teatro Municipal, às 20h00.


- 10/4: exibição do filme "La Cecilia", produção franco-italiana, no Cine-Teatro Municipal, às 20h00


- 10/4: feira de produtos produzidos pelos descendentes dos anarquistas fundadores da Colônia Cecília, no Ginasio Sebastião Amâncio dos Santos.

Violência contra a mulher aparece banalizada na imprensa

"Mulher tem orelha arrancada pelo marido" - a manchete do Bondenews/Folha de Londrina capta a atenção pelo bizarro. E informa que "uma mulher de 33 anos teve a orelha parcialmente arrancada na tarde deste sábado (3/4). O autor do ferimento foi seu próprio marido. O caso aconteceu por volta das 16h40, na Vila Fraternidade, zona leste de Londrina." A matéria ainda informa que Marilda, a vítima, foi atendida pelo Siate e, além da orelha agredida, ela "ainda apresentava machucados na face, na cabeça e também na mão... Quando a PM chegou no local da ocorrência, o marido já havia fugido."

Além da ironia com o nome da vila onde se deu a ocorrência (Vila Fraternidade!), um fato como esse pode capturar a atenção dos leitores de jornais e ouvintes de notícias policiais no rádio. Mas é mais um episódio da disseminada violência contra a mulher no ambiente doméstico, geralmente praticada por seu próprio parceiro, e, de tão frequente, pode não causar toda a indignação que merece. O arrancamento da orelha parecerá até bizarro e engraçado para alguns, e no entanto é o prenúncio de agressões piores que ainda podem acontecer, até mesmo a perda da vida pela mulher cronicamente agredida.

Contra isso a UBM-PR luta, denuncia e trabalha para que as mulheres vítimas de violência resistam para que acabe o desrespeito à vida e dignidade femininas, estimulando para que seja sempre acionada a Lei Maria da Penha, na esperança de que um dia desapareça a vergonhosa violência praticada contra as mulheres.