Ontem, militantes da UBM, participaram de ato na Assembleia Legislativa para marcar os três anos do cruel assassinato da menina Raquel Genofre. A manifestação contou com o apoio da Deputada Estadual do PT Luciana Rafagnin que utilizou a Tribuna para exigir mais empenho das autoridades para que o assassino seja preso e registrou a trajetória da União Brasileira de Mulheres na defesa dos direitos humanos e na luta contra a violência doméstica e familiar. Além da presença da mãe da menina Maria Cristina Lobo estavam ainda dirigentes da UBM – Pr, a Vice- coordenadora da Entidade no Estado, Carol Lobo que também é tia de Raquel e a coordenadora nacional Elza Maria Campos.
Apoiaram o ato várias lideranças do movimento social como, a diretora de gênero da APP/Sindicato, a representante do Espaço Mulher, Maria Celi Albuquerque, a presidente da Associação Paranaense dos Agentes Comunitários.
A deputada Luciana, em pronunciamento afirma que a luta por direitos das mulheres e meninas tem avançado ao longo dos tempos. Com a organização social as mulheres conquistaram posições, leis, direitos, e tem se colocado de maneira fundamental na construção da nossa sociedade.
Mas, mesmo com os avanços, por exemplo da Lei Maria da Penha, ainda hoje, a mulher é vítima de violência e de toda forma de opressão. Existe a violência mais aparente, a da agressão física, aquela em que por vezes infelizmente é capa dos jornais, mas acontece a violência simbólica, a opressão, que muitas vivem em seus locais de trabalho, de estudo, que muitas vezes é imposta pela mídia, por salários diferentes, por preconceito de profissão, ou pelo fato de não ter direito sobre si e sobre seu corpo.
A deputada enfatiza que a UBM é uma entidade que luta por direitos, que organiza mulheres da defesa dos avanços sociais e por uma sociedade igualitária, onde mulheres e homens possam, lado a lado, construir uma sociedade diferente, justa, humana, livre de qualquer opressão.
A deputada destaca o Mapa da Violência no Brasil 2010, feito pelo Instituto Sangari, uma organização educacional, com base em dados do Sistema Único de Saúde, revela que 41.532 mulheres foram assassinadas no país, o que resultou numa média macabra de 10 brasileiras mortas por dia. O índice de 4,2 assassinadas por 100.000 habitantes coloca o Brasil acima do padrão internacional.
A violência contra as mulheres e meninas, denominada violência de gênero (violência contra a mulher na vida social privada e pública), ocorre tanto no espaço privado quanto no espaço público e pode ser cometida por familiares ou outras pessoas que vivem no mesmo domicílio (violência doméstica); ou por pessoas sem relação de parentesco e que não convivem sob o mesmo teto.
No dia 03 de novembro faz três anos que a pequena Rachel Lobo Genofre, de apenas nove anos, foi brutalmente assassinada e seu corpo, achado em uma mala, na rodoviária de Curitiba.
Há três anos a família convive com duas faces da polícia paranaense. A polícia que está lutando, com todos esforços, com toda justeza, honra e ousadia para colocar na cadeia o monstro que assassinou a menina Rachel Genofre, hoje, em consequência as investigações sobre o caso foram 17 pedófilos presos, também foi estabelecido um banco de dados de pedófilos no Sicride e um sistema de câmeras foi implantado na rodoferroviária, entre outras ações. Já são mais de 100 exames de DNA realizados, diligências em estados como Sergipe, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo foram feitas, além do interior do estado do Paraná.
Mas, no dia 05 de novembro de 2008, quando o corpo foi encontrado na rodoviária, conhecemos outra face da polícia paranaense, o corpo da pequena Rachel, qual já tinha sido vítima de violência sexual, sadismo, espancamento e estrangulamento, foi também violado pelo procedimento negligente e despreparado da polícia paranaense. Retirado da mala na frente de todos, filmado, fotografado, como um pedaço de carne, exposto, ferindo qualquer dignidade e direitos que tem o Ser Humano, ainda criança, de respeito e preservação. Como se não bastasse, as provas do crime foram perdidas, jogadas na lata do lixo, como o saco azul em que o corpo estava envolto, ou a faca que o fiscal usou para abrir a mala. Uma sucessão de crimes, de despreparo e de negligência. A pequena Rachel, nesse momento, foi vítima de mais violência, a institucional.
Muitas crianças vivem em seu cotidiano riscos constantes, violências e opressão. Muitas vezes das pessoas que deviam protegê-las.
Para nós a perda da Rachel foi uma grande tragédia, mas para a sociedade deve ser um alerta! Nossas crianças são responsabilidades de todas e todos, a construção de um futuro novo. Para tanto, a luta e a defesa das políticas públicas é constante nas lutas da Entidade que exigem mais rigor e mais recursos para a efetivação dos direitos sociais e humanos das mulheres e meninas.
O exemplo da Rachel só nos trás uma certeza, que necessitamos de uma sociedade diferente para que nossos pequenos possam crescer saudáveis e livres. Precisamos mudar a realidade, o silêncio e a impunidade são cúmplices da violência.
As nossas meninas e meninos tem o direito de um mundo melhor, justo, humano e fraterno, cabe a nós transformá-lo.
POR UM MUNDO DE IGUALDADE, CONTRA TODA OPRESSÃO!!!
Abaixo a redação de Raquel Genofre premiada em Curitiba.
Minha Família tem cada História
*Rachel Genofre
Vou te contar a minha história, a história da minha família. Minha família começou em Paranaguá com os tupis-guarani, eu acho! Meus antepassados tinham culturas diferentes da nossa cultura de hoje.
Muitos morreram ou foram se espalhando pelo mundo, indo de geração em geração até chegar em mim.
Hoje existem muitos de minha família no país inteiro ou só no Paraná, não sei. Só sei que quero meus próximos parentes tenham o mesmo orgulho de ser INDÍO!
Fazemos o melhor para o mundo
Unidos
Trabalhamos
Unidos
Reformando
O mundo
Viva a família!
Sou Rachel Maria, essa é a minha história, qual é a sua?
*Rachel, com 9 anos recebeu premio de primeiro lugar com a redação na biblioteca pública do estado.
A Campanha: Pelo fim da violência contra mulheres e meninas é promovida pela União Brasileira de Mulheres desde 2009, está em seu terceiro ano, sempre contando com apoios importantes, como desse ano com o da deputada Luciana Rafagnin, mas sobretudo da sociedade Paranaense que tem um olhar sensível e atento a questão e clama por justiça.