No dia 03 de novembro a família faz missa para rememorar a data; no dia 07, a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT) realizará na Assembleia Legislativa do Paraná pronunciamento sobre o caso
Nesta quinta-feira (03), o assassinato brutal da menina Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre, de 9 anos, completa três anos. Em 2008, o corpo dela foi encontrado dentro de uma mala, na rodoviária de Curitiba. Segundo a polícia, havia sinais de estrangulamento e violência sexual.
Segundo a tia de Rachel, Maria Carolina Lobo Oliveira, durante esses anos a investigação foi incansável. As denúncias foram apuradas, os indícios averiguados, no entanto, afirma que o problema não está na investigação, mas na negligência quando da descoberta do corpo. “A questão central é a perda de todas as pistas do crime. O saco em que o corpo estava envolto foi jogado no lixo, a mala passou de mão em mão. Foram tantos os erros cometidos que não dá para considerar incompetência e sim negligência dos policiais envolvidos, isso dificulta – e muito – na busca de uma solução. Conquistamos um investigador exclusivo para o caso. O começo foi muito errado”, relembra Carol.
Mobilização - No próximo dia 07 de novembro, às 14 horas, a deputada estadual Luciana Rafagnin fará um pronunciamento na Assembleia Legislativa do Paraná. A atividade será em apoio à campanha "Pelo fim da violência contra mulheres e meninas: Por mim, por nós e pelas outras", da União Brasileira de Mulheres – seção Paraná (UBM-PR). O objetivo é reivindicar políticas públicas para combater a violência contra as crianças e para que o Estado ampare as famílias vítimas da violência urbana. A UBM-PR também fará outras ações. “Estamos organizando uma audiência com o secretário de Segurança Pública e a secretária de Justiça. Vamos fazer ainda uma manifestação na Conferência Estadual de Política Para Mulheres, nos dias 11 e 12 de novembro, para cobrar a responsabilidade do poder público em relação a esse crime brutal”, ressalta a coordenadora estadual da UBM, Gisele Schimidt.
Caso semelhante – Gisele lembra que em agosto deste ano uma menina de 11 anos foi encontrada morta na periferia de Buenos Aires em situação semelhante à de Rachel. O corpo estava em uma mala, com claros sinais de violência, no oeste daquela capital. Para ela, crimes como esse não podem ficar impunes. “O corpo foi encontrado por uma mulher que revirava lixo e que viu o braçinho saindo da mala. Não podemos permitir que estes assassinos continuem a circular livremente pelas ruas. Precisamos mover a opinião pública e as autoridades para que haja empenho cotidiano a fim de chegar aos culpados. Não podemos passar dez anos relembrando essa barbárie”, pontua Gisele.
A tia da Rachel, Carol, reforça que a mobilização é fundamental, mas também destaca que o Estado precisa se envolver para por fim a tais atrocidades. “Na Argentina, a mobilização social foi muito diferente. A presidente do país, Cristina Kirchner, deu atenção pessoal ao caso. Ela ficou sensibilizada com tamanha covardia. No Paraná, temos uma delegada sensível às questões da família que nos permite acompanhar e contribuir. Mas há outras famílias que não tem nem satisfação da investigação do caso de seus filhos. Já ouvi relatos de mães que vieram me procurar para chorar junto, pois é o que resta. Essas famílias necessitam, além de justiça, de atenção psicológica, de assistência social, entre outras. O Estado tem de se responsabilizar, pois essas são as consequências da falta de segurança pública, da falta de políticas sociais, entre outros”, enfatiza Carol.
Lei Maria da Penha e ECA - Segundo a coordenadora nacional da UBM, Elza Campos, a entidade irá exigir mais uma vez das autoridades que crimes contra mulheres e meninas recebam uma atenção efetiva das autoridades brasileiras. “É preciso que as Políticas Públicas sejam efetivadas, como a implementação imediata da Lei Maria da Penha e o fortalecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, além de outras políticas públicas. Este ano, dedicado à realização da III Conferência de Políticas para as Mulheres e da avaliação do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, estaremos alertas entendendo que os desafios são enormes para o movimento feminista e de mulheres. Enfrentar e superar a dominação ainda presente nas estruturas do Estado e na sociedade é tarefa central para a pavimentação de um caminho de justiça e liberdade para as mulheres”, finaliza Elza.
Missa – No dia 03 de novembro, às 19h30, haverá missa organizada pela família em homenagem à Raquel na igreja Perpétuo Socorro (Rua da Glória, próximo ao Estádio Couto Pereira).
Violência sexual – Rachel foi encontrada morta na madrugada do dia 05 de novembro de 2008 dentro de uma mala abandonada embaixo de uma das escadas do setor de transporte da rodoviária de Curitiba. O corpo, ainda com o uniforme do Instituto de Educação - colégio onde ela estudava - apresentava sinais de estrangulamento. Os médicos do Instituto Médico Legal (IML) confirmaram que a menina sofreu violência sexual.
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