terça-feira, 2 de novembro de 2010

Impunidade: UBM-PR cobra avanço nas investigações do caso da menina Rachel

Após dois anos, as investigações têm ajudado a solucionar outros casos de pedofilia, porém o assassino de Rachel ainda está livre


Nesta quarta-feira, 03 de novembro, registra-se dois anos do assassinato brutal da menina Rachel Lobo Genofre, de 9 anos. Em 2008, o corpo dela foi encontrado dentro de uma mala, na rodoviária de Curitiba. Em rememoração à data, a União Brasileira de Mulheres – seção Paraná (UBM-PR) realizará no próximo sábado, dia 06 de novembro, às 10 horas, o ato público “Pelo fim da violência contra mulheres e meninas: Por mim, por nós e pelas outras”. Em Curitiba, a manifestação acontecerá na Boca Maldita seguida de caminhada até a Praça Rui Barbosa, local do encerramento do ato.

Mais uma vez a UBM e o Fórum Popular de Mulheres, em conjunto com entidades do movimento social, movimento feminista e de mulheres de Curitiba realizam manifestação pública em defesa de mulheres e meninas vítimas de violência. Esta articulação exigirá a busca e punição do assassino e o comprometimento das autoridades em casos semelhantes. “Exigimos das autoridades a ampliação das políticas públicas para por fim à violência contra as mulheres e meninas. Essa é uma luta histórica das mulheres. Sabemos que quando as mulheres acessam as políticas públicas, quando têm coragem de denunciar a agressão muitas vezes não encontram respostas do serviço público. É urgente que essas políticas aconteçam e que sejam, de fato, comprometidas com o direito das mulheres”, denuncia a coordenadora nacional da UBM, Elza Campos.

Problema social - Para a mãe de Rachel, Maria Cristina Lobo Oliveira (29), que é educadora da rede municipal de Curitiba, o assassinato de Raquel é um problema social. “Este é um problema social. Nossas crianças precisam de proteção, pois às vezes podem estar andando nas ruas enquanto os seus pais estão trabalhando e estarem diante de maníacos, pedófilos. Precisamos envolver a sociedade nesse caso. O silêncio e a impunidade são cúmplices da violência. Temos de impedir que surjam novas vítimas. E as instituições precisam ser acionadas pra garantir os diretos das mulheres, limitando, assim, a ação desses criminosos”, declara.

Desdobramentos - Segundo a tia da menina, Maria Carolina Lobo Oliveira, o caso está sob responsabilidade da delegada Vanessa Alice, que tem designação especial para fazer as investigações. Apesar de a delegada manter um investigador exclusivo, Carolina lembra que o Estado precisa se envolver inclusive dando suporte financeiro para o caso. “Hoje, o assassino pode estar andando na rua XV ou na frente de um colégio. As investigações têm ajudado a solucionar outros casos de pedofilia, mas o assassino de Rachel está livre. Por isso, queremos uma audiência com o governador, a continuidade das investigações mesmo com a mudança de governo e mais recursos, pois às vezes não tem nem reagente químico para os exames. Num caso de extrema perversidade como esse, o Estado não pode ser omisso. É um caso de segurança de pública”, defende.

Simbologia - Elza lembrou que a eleição da primeira presidente do Brasil traz um novo marco para o país. Assistente social, ela acredita que as mulheres estarão mais empoderadas, com a auto-estima mais fortalecida e com coragem para denunciar casos de violência. “Foram 80 anos da conquista do voto feminino até a eleição da primeira presidente. Isso é uma simbologia de luta inegável. Acreditamos que com a eleição de Dilma Rousseff haverá um olhar especial para a situação de violência, que ainda continua na invisibilidade das quatro paredes, apesar da aprovação da Lei Maria da Penha. Vivemos num país patriarcal e machista, onde a violência contra as mulheres é naturalizada. Temos de reagir a isso. A mulher precisa confiar que pode mudar essa realidade. E nós, como parte dessa sociedade, temos de lutar contra este Estado patriarcal que oprime as mulheres em pleno século XXI”, destaca.

Missa – No dia 06 de novembro, às 19h30, haverá missa em homenagem à menina Raquel na igreja Perpétuo Socorro (Rua da Glória, próximo ao Estádio Couto Pereira)

Violência contra as mulheres – Elza explica que a violência contra a mulher tem números alarmantes. “De acordo com a pesquisa nacional da Fundação Perseu Abramo, realizada com 2.502 mulheres em 2004, uma mulher é espancada a cada 15 segundos no país e ao menos 33% já sofreram algum tipo de violência física”. E acrescenta: “A violência contra as mulheres e meninas, denominada violência de gênero (violência contra a mulher na vida social privada e pública), ocorre tanto no espaço privado quanto no espaço público e pode ser cometida por familiares ou outras pessoas que vivem no mesmo domicílio (violência doméstica); ou por pessoas sem relação de parentesco e que não convivem sob o mesmo teto.

Histórico – Rachel foi encontrada morta na madrugada do dia 05 de novembro de 2008 dentro de uma mala abandonada embaixo de uma das escadas do setor de transporte da rodoviária de Curitiba. O corpo, ainda com o uniforme do Instituto de Educação - colégio onde ela estudava - apresentava sinais de estrangulamento. Os médicos do Instituto Médico Legal (IML) confirmaram que a menina sofreu violência sexual. A menina foi enterrada no dia 06 de novembro.

Mais informações:

Maria Cristina Lobo Oliveira (mãe da Rachel): 8860 6035/ 9930 7900

União Brasileira de Mulheres – Seção Paraná: com Elza Campos (coordenadora geral): 3324-6007 e 9667 9532 ou Maria Carolina Lobo Oliveira (tia da Rachel) 8814 3634.

Assessoria de imprensa UBM-PR: Andréa Rosendo - 9905 2844.

Site da UBM: www.ubmulheres.org.br

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