Com o poema de Cecilia Meireles: Pus o meu sonho num navio, e o navio em cima do mar; - depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar... a União Brasileira de Mulheres-UBM, deseja que a conquista por um Brasil e uma América Latina com justiça e igualdade esteja presente em nossas lutas em 2011. Que a nossa presidenta Dilma possa com sua coragem e tenacidade dar direção para que o nosso Brasil esteja renovado de um novo tempo de esperanças e possibilidades de conquistas para o nosso país e em especial para as mulheres.
O papel das mulheres e dos movimentos feministas e sociais é de grande importância, para garantir que a plataforma elaborada pelos movimentos seja efetivamente realizada. Seremos protagonistas do esforço para construir um projeto de nação justa, com amplas oportunidades para toda a população.
As mulheres que protagonizaram e já estiveram presentes em grandes lutas populares em todos os tempos e lugares, ousando sonhar e construir um mundo diferente, verdadeiramente justo e igualitário já deram provas no passado de compromisso democrático na luta por liberdades políticas para o povo brasileiro. No presente, sentem-se mais fortes e empoderadas para construir com Dilma um país de igualdade e de justiça.
A UBM continuará lutando para que as mulheres façam suas escolhas, na vida pessoal e na vida política, ou seja, no espaço privado e no espaço público. Lutará para que a saúde, a educação, a cultura, a segurança pública, o meio ambiente, o trabalho convirjam para o atendimento integral às mulheres e a toda sociedade.
As mulheres estarão a par e passo com toda população para que todos os temas estejam pautados de forma integrada e articulada, e estarão com Dilma, a primeira mulher presidenta da história do Brasil.
Não poderia deixar de publicar o convite que recebemos para a posse da primeira presidenta do Brasil, com uma imagem da beleza de Cecilia Meireles.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
UBM APOIA DELAIDE ALVES PARA O TST
O presidente Lula indicou ontem (9), a advogada goiana Delaíde Alves Miranda Arantes para o cargo de ministra do TST. Ela era a única mulher na lista elaborada pela OAB para a vaga. Se passar pela sabatina e aprovação do Senado - como usualmente ocorre - Delaíde será a sexta mulher na atual composição do TST. Ela é casada com o ex-deputado federal Aldo Arantes (PCdoB).
Ela havia ficado em sexto lugar na lista enviada pela OAB ao TST. Neste obteve 21 votos, ffigurando em segundo lugar na lista enviada ao Palácio do Planalto.
Tem a credenciá-la uma carreira (30 anos) de conceituada advogada trabalhista em seu Estado, Goiás, onde foi secretária-geral da seccional da OAB. É vice-presidente da Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas. É especialista em Direito Processual do Trabalho pela Universidade Federal de Goiás, professora da PUC goiana e autora do livro ´O Trabalho Doméstico´.
Delaide contou - no seio da classe advocatícia - com o apoio do diretor-tesoureiro do Conselho Federal da OAB, Miguel Cançado, que também é goiano.
O advogado paulista Luís Carlos Moro, considerado favorito até então, estava em primeiro lugar, com os votos de 24 dos 26 ministros do TST presentes à sessão que definiu a lista. O outro advogado que figurou foi Adriano Costa Avelino, que é alagoano.
Na lista sêxtupla votada pela OAB em 15 de agosto figuraram também os advogados André de Carvalho Pagnoncelli (Mato Grosso do Sul), OthonielFurtado Gueiros Neto (Pernambuco) e Luiz Gomes (Rio Grande do Norte.
Esta vitória é das mulheres brasileiras e da democracia. A União Brasileira de Mulheres através de sua articulação angariou apoio do movimento feminista e de mulheres e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Nossas felicitações à Drª Delaide Alves com o desejo de um excelente mandato!
Fonte: Parte desta nota encontra-se no site: http://www.ctb.org.br/site/em-destaque/advogada-goiana-delaide-alves-arantes-devera-ser-a-nova-ministra-do-tst
Ela havia ficado em sexto lugar na lista enviada pela OAB ao TST. Neste obteve 21 votos, ffigurando em segundo lugar na lista enviada ao Palácio do Planalto.
Tem a credenciá-la uma carreira (30 anos) de conceituada advogada trabalhista em seu Estado, Goiás, onde foi secretária-geral da seccional da OAB. É vice-presidente da Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas. É especialista em Direito Processual do Trabalho pela Universidade Federal de Goiás, professora da PUC goiana e autora do livro ´O Trabalho Doméstico´.
Delaide contou - no seio da classe advocatícia - com o apoio do diretor-tesoureiro do Conselho Federal da OAB, Miguel Cançado, que também é goiano.
O advogado paulista Luís Carlos Moro, considerado favorito até então, estava em primeiro lugar, com os votos de 24 dos 26 ministros do TST presentes à sessão que definiu a lista. O outro advogado que figurou foi Adriano Costa Avelino, que é alagoano.
Na lista sêxtupla votada pela OAB em 15 de agosto figuraram também os advogados André de Carvalho Pagnoncelli (Mato Grosso do Sul), OthonielFurtado Gueiros Neto (Pernambuco) e Luiz Gomes (Rio Grande do Norte.
Esta vitória é das mulheres brasileiras e da democracia. A União Brasileira de Mulheres através de sua articulação angariou apoio do movimento feminista e de mulheres e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Nossas felicitações à Drª Delaide Alves com o desejo de um excelente mandato!
Fonte: Parte desta nota encontra-se no site: http://www.ctb.org.br/site/em-destaque/advogada-goiana-delaide-alves-arantes-devera-ser-a-nova-ministra-do-tst
domingo, 21 de novembro de 2010
UBM REALIZA SEMINÁRIO PARA MARCAR A LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O curso de Serviço Social das Faculdades Integradas do Brasil – em parceria com União Brasileira de Mulheres (UBM) e o Ministério das Mulheres – promoveu nesta quinta-feira, 18, o Seminário Violência contra a mulher e o Monitoramento do II Plano Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres. O evento ocorreu na UniBrasil em comemoração ao Dia Latino-Americano e Caribenho pelo Fim da Violência contra a Mulher, celebrado no dia 25 de novembro.
A programação do evento contou com o pronunciamento das Organizações Feministas e Lideranças de Mulheres do Estado do Paraná e com o depoimento de Carol Lobo Genofre, tia da Raquel Lobo Genofre. Houve, também, a apresentação sobre a trajetória da UBM com a professora Elza Maria Campos, coordenadora nacional da UBM.
A psicóloga Maria Irany Rodrigues Cavalcanti apresentou o Plano Nacional de Políticas para as mulheres (PNPM) e propostas do Projeto Fortalecer o controle social nas ações do plano nacional de políticas para as mulheres. Maria Irany é mestranda em saúde pública e coordenadora Nacional do Projeto Fortalecer o Controle Social no PNPM.
Para a professora das Faculdades Integradas do Brasil, Elza Maria Campos a formação acadêmica não se dá apenas em salas de aula por isso as palestras são importantes. “Aliamos ao projeto da UBM a participação dos estudantes como atividade complementar”, ressalta.
A União Brasileira de Mulheres desenvolve o projeto Fortalecer o controle social nas ações do plano nacional de políticas para mulheres, com apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, em 17 cidades do país. Dentre as cidades a pesquisa também foi desenvolvida em Curitiba. Elza cita que mais dois projetos serão desenvolvidos pela UBM: o Mulher: mais política, mais poder e o Mulher, mídia e violência.
A palestrante Maria Irany esclarece que há 22 anos a UBM busca combater a desigualdade de gênero. Para ela, a mulher precisa de mais espaço no controle social, no trabalho, no atendimento à saúde e na educação. “É preciso fortalecer o controle social, efetivamente ver o que está sendo feito e o que precisa colocar em prática”, salienta.
Serviço: Para mais informações sobre a UBM acesse. www.ubmulheres.org.br
Reportagem: Jenifer Magri Fotos: Tatiélle Euzébio
A programação do evento contou com o pronunciamento das Organizações Feministas e Lideranças de Mulheres do Estado do Paraná e com o depoimento de Carol Lobo Genofre, tia da Raquel Lobo Genofre. Houve, também, a apresentação sobre a trajetória da UBM com a professora Elza Maria Campos, coordenadora nacional da UBM.
A psicóloga Maria Irany Rodrigues Cavalcanti apresentou o Plano Nacional de Políticas para as mulheres (PNPM) e propostas do Projeto Fortalecer o controle social nas ações do plano nacional de políticas para as mulheres. Maria Irany é mestranda em saúde pública e coordenadora Nacional do Projeto Fortalecer o Controle Social no PNPM.
Para a professora das Faculdades Integradas do Brasil, Elza Maria Campos a formação acadêmica não se dá apenas em salas de aula por isso as palestras são importantes. “Aliamos ao projeto da UBM a participação dos estudantes como atividade complementar”, ressalta.
A União Brasileira de Mulheres desenvolve o projeto Fortalecer o controle social nas ações do plano nacional de políticas para mulheres, com apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, em 17 cidades do país. Dentre as cidades a pesquisa também foi desenvolvida em Curitiba. Elza cita que mais dois projetos serão desenvolvidos pela UBM: o Mulher: mais política, mais poder e o Mulher, mídia e violência.
A palestrante Maria Irany esclarece que há 22 anos a UBM busca combater a desigualdade de gênero. Para ela, a mulher precisa de mais espaço no controle social, no trabalho, no atendimento à saúde e na educação. “É preciso fortalecer o controle social, efetivamente ver o que está sendo feito e o que precisa colocar em prática”, salienta.
Serviço: Para mais informações sobre a UBM acesse. www.ubmulheres.org.br
Reportagem: Jenifer Magri Fotos: Tatiélle Euzébio
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
VITÓRIA DE DILMA, VITÓRIA DAS MULHERES E DO POVO BRASILEIRO!
Por Elza Maria Campos
A União Brasileira de Mulheres, que desde o primeiro turno assumiu decididamente a campanha de Dilma ao lançar seu Manifesto UBM com Dilma para continuar mudando o Brasil, já no mês de julho em todo o país e intensificou sua campanha no segundo turno, comemorou com muita alegria esta vitória popular. A eleição de Dilma Roussef, a primeira mulher a ocupar a Presidência da República no Brasil, é um feito dos mais grandiosos para os trabalhadores e em especial para as mulheres que poderão sentir-se mais empoderadas e confiantes em suas lutas e conquistas.
A repercussão desta admirável vitória ocorreu em todo o mundo e revela a importância do Brasil no cenário internacional aliada à representação desta que inicia sua vida pública aos 16 anos defendendo a liberdade de seu povo e mesmo sob todas as tentativas de armadilhas que tentaram impor à nossa maior líder, teve o espirito de guerreira, ganhando cada vez mais o apoio popular e a confiança de seu povo.
O Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) considerou um fato "histórico para a política e a sociedade e para as brasileiras. Para Rebecca Reichmann Tavares, representante do Unifem para o Brasil e o Cone Sul, "É a consagração da luta de gerações e gerações de mulheres brasileiras, que desde o início do Século XX lutaram pela conquista do direito ao voto.”
A revista americana Time divulgou, em seu site: a presidenta Dilma está entre as 10 mulheres mais importantes do mundo. A Time ressaltou que a sucessora de Lula será a líder da quarta maior democracia mundial, se tornando uma "inspiração para as mulheres de todo o mundo".
É um fato incontestável, pois renova um novo tempo de esperanças e possibilidades de conquistas para o nosso país e em especial para as mulheres. São quase 80 anos do direito ao voto à eleição da primeira presidenta do Brasil.
Temos consciência que avançamos durante o Governo Lula, no que de refere a perspectiva para as mulheres, notadamente na conquista da Lei Maria da Penha e na instalação do Ministério das Mulheres entre outros avanços nos campos das políticas públicas e da atuação do Brasil no cenário internacional.
A vitória de Dilma se revela na convergência de um conjunto de forças progressistas em torno de um programa que combina soberania nacional, desenvolvimento econômico, distribuição de renda, inclusão social e liberdades políticas e a possibilidade de aprofundar as mudanças iniciadas no governo Lula.
O papel das mulheres e dos movimentos feministas e sociais é de grande importância, para garantir que a plataforma elaborada pelos movimentos seja efetivamente realizada. Seremos protagonistas do esforço para construir um projeto de nação justa, com amplas oportunidades para toda a população.
As mulheres que protagonizaram e já estiveram presentes em grandes lutas populares em todos os tempos e lugares, ousando sonhar e construir um mundo diferente, verdadeiramente justo e igualitário e já deram provas no passado de compromisso democrático na luta por liberdades políticas para o povo brasileiro, no presente sentem-se mais fortes e empoderadas para construir com Dilma um país de igualdade e de justiça.
A UBM continuará lutando para que as mulheres façam suas escolhas, na vida pessoal e na vida política, ou seja, no espaço privado e no espaço público. Lutará para que a saúde, a educação, a cultura, a segurança pública, o meio ambiente, o trabalho convirjam para o atendimento integram às mulheres e a toda sociedade.
No próximo ano teremos a realização da III Conferência de Políticas para as Mulheres, reforçaremos as propostas do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, no sentido de consolidar esse canal de participação e efetivamente transformar em políticas de Estado as Políticas Públicas para as mulheres e para que trate a pauta das mulheres como um assunto estratégico para nosso país. A Lei Maria da Penha seja efetivamente cumprida, para que a maternidade seja uma escolha das mulheres e para que as mulheres não sejam criminalizadas pela realização do abortou.
Um dos maiores problemas para avançar a democracia no Brasil, pauta-se na sub representação feminina nas instâncias de poder. A proposta que vem sendo defendida por nossa presidenta de contar nos Ministérios com 30% de mulheres recebe o apoio das mulheres, e demonstra já que Dilma terá um olhar para as mulheres como bem demonstrou em seu discurso de posse ao dirigir suas primeiras palavras às mulheres. Se a simbologia de termos uma mulher presidenta é de grande significado a a aplicação das cotas ministeriais, também acarreta um ganho de poder simbólico para as brasileiras.
As mulheres estarão par a passo com toda população para que todos os temas estejam pautados de forma integrada e articulada com Dilma a primeira mulher presidenta da história do Brasil.
A União Brasileira de Mulheres, que desde o primeiro turno assumiu decididamente a campanha de Dilma ao lançar seu Manifesto UBM com Dilma para continuar mudando o Brasil, já no mês de julho em todo o país e intensificou sua campanha no segundo turno, comemorou com muita alegria esta vitória popular. A eleição de Dilma Roussef, a primeira mulher a ocupar a Presidência da República no Brasil, é um feito dos mais grandiosos para os trabalhadores e em especial para as mulheres que poderão sentir-se mais empoderadas e confiantes em suas lutas e conquistas.
A repercussão desta admirável vitória ocorreu em todo o mundo e revela a importância do Brasil no cenário internacional aliada à representação desta que inicia sua vida pública aos 16 anos defendendo a liberdade de seu povo e mesmo sob todas as tentativas de armadilhas que tentaram impor à nossa maior líder, teve o espirito de guerreira, ganhando cada vez mais o apoio popular e a confiança de seu povo.
O Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) considerou um fato "histórico para a política e a sociedade e para as brasileiras. Para Rebecca Reichmann Tavares, representante do Unifem para o Brasil e o Cone Sul, "É a consagração da luta de gerações e gerações de mulheres brasileiras, que desde o início do Século XX lutaram pela conquista do direito ao voto.”
A revista americana Time divulgou, em seu site: a presidenta Dilma está entre as 10 mulheres mais importantes do mundo. A Time ressaltou que a sucessora de Lula será a líder da quarta maior democracia mundial, se tornando uma "inspiração para as mulheres de todo o mundo".
É um fato incontestável, pois renova um novo tempo de esperanças e possibilidades de conquistas para o nosso país e em especial para as mulheres. São quase 80 anos do direito ao voto à eleição da primeira presidenta do Brasil.
Temos consciência que avançamos durante o Governo Lula, no que de refere a perspectiva para as mulheres, notadamente na conquista da Lei Maria da Penha e na instalação do Ministério das Mulheres entre outros avanços nos campos das políticas públicas e da atuação do Brasil no cenário internacional.
A vitória de Dilma se revela na convergência de um conjunto de forças progressistas em torno de um programa que combina soberania nacional, desenvolvimento econômico, distribuição de renda, inclusão social e liberdades políticas e a possibilidade de aprofundar as mudanças iniciadas no governo Lula.
O papel das mulheres e dos movimentos feministas e sociais é de grande importância, para garantir que a plataforma elaborada pelos movimentos seja efetivamente realizada. Seremos protagonistas do esforço para construir um projeto de nação justa, com amplas oportunidades para toda a população.
As mulheres que protagonizaram e já estiveram presentes em grandes lutas populares em todos os tempos e lugares, ousando sonhar e construir um mundo diferente, verdadeiramente justo e igualitário e já deram provas no passado de compromisso democrático na luta por liberdades políticas para o povo brasileiro, no presente sentem-se mais fortes e empoderadas para construir com Dilma um país de igualdade e de justiça.
A UBM continuará lutando para que as mulheres façam suas escolhas, na vida pessoal e na vida política, ou seja, no espaço privado e no espaço público. Lutará para que a saúde, a educação, a cultura, a segurança pública, o meio ambiente, o trabalho convirjam para o atendimento integram às mulheres e a toda sociedade.
No próximo ano teremos a realização da III Conferência de Políticas para as Mulheres, reforçaremos as propostas do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, no sentido de consolidar esse canal de participação e efetivamente transformar em políticas de Estado as Políticas Públicas para as mulheres e para que trate a pauta das mulheres como um assunto estratégico para nosso país. A Lei Maria da Penha seja efetivamente cumprida, para que a maternidade seja uma escolha das mulheres e para que as mulheres não sejam criminalizadas pela realização do abortou.
Um dos maiores problemas para avançar a democracia no Brasil, pauta-se na sub representação feminina nas instâncias de poder. A proposta que vem sendo defendida por nossa presidenta de contar nos Ministérios com 30% de mulheres recebe o apoio das mulheres, e demonstra já que Dilma terá um olhar para as mulheres como bem demonstrou em seu discurso de posse ao dirigir suas primeiras palavras às mulheres. Se a simbologia de termos uma mulher presidenta é de grande significado a a aplicação das cotas ministeriais, também acarreta um ganho de poder simbólico para as brasileiras.
As mulheres estarão par a passo com toda população para que todos os temas estejam pautados de forma integrada e articulada com Dilma a primeira mulher presidenta da história do Brasil.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
UBM REALIZA ATO E EXIGE MAIOR RIGOR NAS INVESTIGAÇÕES DO ASSASSINATO DA MENINA RAQUEL
Foi realizado na manhã deste sábado 06 de novembro, ato público “Pelo fim da violência contra as mulheres e meninas! Por Mim, Por nós e Pelas Outra e pelo direito a uma vida sem violência!”. A manifestação aconteceu na Boca Maldita em Curitiba com a montagem de uma barraca, distribuição de Manifesto e encerramento na Praça Rui Barbosa, em frente ao local em que a pequena Raquel tomava o ônibus para dirigir-se para sua casa. No dia 03 de novembro a menina Rachel Genofre de 9 anos, desapareceu e foi morta após sofrer violência sexual e largada dentro de uma mala na Rodoviária em Curitiba.
O Ato foi realizado pela União Brasileira de Mulheres, com apoio de Entidades do Movimento Feminista e de mulheres de Curitiba, e contou com a presença dos familiares da menina, de diversos movimentos sociais, da Senadora Gleisi Hoffmann além de um grande contingente de jornalistas de vários veículos de comunicação.
A coordenadora nacional da UBM, Elza Campos coordenou o ato, destacando que a violência contra mulheres e meninas é uma questão de Direitos Humanos e de Saúde Pública e que a Entidade redobrará sua luta para que as autoridades encontrem o assassino e para que a Lei Maria da Penha e o Estatuto da Criança e do Adolescente sejam respeitados.
Diversas lideranças falaram durante o ato, mas o momento que mais chamou a atenção foi quando a tia de Rachel, Maria Carolina falou pedindo justiça. Ela falou de Rachel como uma menina que tinha sonhos, que queria ser professora, que amava os livros e a poesia e teve seus sonhos interrompidos de maneira tão cruel. “Nossa luta é por uma sociedade onda as crianças e os adultos possam sonhar e realizar seus sonhos, por isso continuamos sonhando e lutando” completou.
A UBM e os familiares da menina Rachel estão solicitando uma audiência com o governador do Estado para exigir maior rigor na apuração e solução do bárbaro crime.
O Ato foi realizado pela União Brasileira de Mulheres, com apoio de Entidades do Movimento Feminista e de mulheres de Curitiba, e contou com a presença dos familiares da menina, de diversos movimentos sociais, da Senadora Gleisi Hoffmann além de um grande contingente de jornalistas de vários veículos de comunicação.
A coordenadora nacional da UBM, Elza Campos coordenou o ato, destacando que a violência contra mulheres e meninas é uma questão de Direitos Humanos e de Saúde Pública e que a Entidade redobrará sua luta para que as autoridades encontrem o assassino e para que a Lei Maria da Penha e o Estatuto da Criança e do Adolescente sejam respeitados.
Diversas lideranças falaram durante o ato, mas o momento que mais chamou a atenção foi quando a tia de Rachel, Maria Carolina falou pedindo justiça. Ela falou de Rachel como uma menina que tinha sonhos, que queria ser professora, que amava os livros e a poesia e teve seus sonhos interrompidos de maneira tão cruel. “Nossa luta é por uma sociedade onda as crianças e os adultos possam sonhar e realizar seus sonhos, por isso continuamos sonhando e lutando” completou.
A UBM e os familiares da menina Rachel estão solicitando uma audiência com o governador do Estado para exigir maior rigor na apuração e solução do bárbaro crime.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Impunidade: UBM-PR cobra avanço nas investigações do caso da menina Rachel
Após dois anos, as investigações têm ajudado a solucionar outros casos de pedofilia, porém o assassino de Rachel ainda está livre
Nesta quarta-feira, 03 de novembro, registra-se dois anos do assassinato brutal da menina Rachel Lobo Genofre, de 9 anos. Em 2008, o corpo dela foi encontrado dentro de uma mala, na rodoviária de Curitiba. Em rememoração à data, a União Brasileira de Mulheres – seção Paraná (UBM-PR) realizará no próximo sábado, dia 06 de novembro, às 10 horas, o ato público “Pelo fim da violência contra mulheres e meninas: Por mim, por nós e pelas outras”. Em Curitiba, a manifestação acontecerá na Boca Maldita seguida de caminhada até a Praça Rui Barbosa, local do encerramento do ato.
Mais uma vez a UBM e o Fórum Popular de Mulheres, em conjunto com entidades do movimento social, movimento feminista e de mulheres de Curitiba realizam manifestação pública em defesa de mulheres e meninas vítimas de violência. Esta articulação exigirá a busca e punição do assassino e o comprometimento das autoridades em casos semelhantes. “Exigimos das autoridades a ampliação das políticas públicas para por fim à violência contra as mulheres e meninas. Essa é uma luta histórica das mulheres. Sabemos que quando as mulheres acessam as políticas públicas, quando têm coragem de denunciar a agressão muitas vezes não encontram respostas do serviço público. É urgente que essas políticas aconteçam e que sejam, de fato, comprometidas com o direito das mulheres”, denuncia a coordenadora nacional da UBM, Elza Campos.
Problema social - Para a mãe de Rachel, Maria Cristina Lobo Oliveira (29), que é educadora da rede municipal de Curitiba, o assassinato de Raquel é um problema social. “Este é um problema social. Nossas crianças precisam de proteção, pois às vezes podem estar andando nas ruas enquanto os seus pais estão trabalhando e estarem diante de maníacos, pedófilos. Precisamos envolver a sociedade nesse caso. O silêncio e a impunidade são cúmplices da violência. Temos de impedir que surjam novas vítimas. E as instituições precisam ser acionadas pra garantir os diretos das mulheres, limitando, assim, a ação desses criminosos”, declara.
Desdobramentos - Segundo a tia da menina, Maria Carolina Lobo Oliveira, o caso está sob responsabilidade da delegada Vanessa Alice, que tem designação especial para fazer as investigações. Apesar de a delegada manter um investigador exclusivo, Carolina lembra que o Estado precisa se envolver inclusive dando suporte financeiro para o caso. “Hoje, o assassino pode estar andando na rua XV ou na frente de um colégio. As investigações têm ajudado a solucionar outros casos de pedofilia, mas o assassino de Rachel está livre. Por isso, queremos uma audiência com o governador, a continuidade das investigações mesmo com a mudança de governo e mais recursos, pois às vezes não tem nem reagente químico para os exames. Num caso de extrema perversidade como esse, o Estado não pode ser omisso. É um caso de segurança de pública”, defende.
Simbologia - Elza lembrou que a eleição da primeira presidente do Brasil traz um novo marco para o país. Assistente social, ela acredita que as mulheres estarão mais empoderadas, com a auto-estima mais fortalecida e com coragem para denunciar casos de violência. “Foram 80 anos da conquista do voto feminino até a eleição da primeira presidente. Isso é uma simbologia de luta inegável. Acreditamos que com a eleição de Dilma Rousseff haverá um olhar especial para a situação de violência, que ainda continua na invisibilidade das quatro paredes, apesar da aprovação da Lei Maria da Penha. Vivemos num país patriarcal e machista, onde a violência contra as mulheres é naturalizada. Temos de reagir a isso. A mulher precisa confiar que pode mudar essa realidade. E nós, como parte dessa sociedade, temos de lutar contra este Estado patriarcal que oprime as mulheres em pleno século XXI”, destaca.
Missa – No dia 06 de novembro, às 19h30, haverá missa em homenagem à menina Raquel na igreja Perpétuo Socorro (Rua da Glória, próximo ao Estádio Couto Pereira)
Violência contra as mulheres – Elza explica que a violência contra a mulher tem números alarmantes. “De acordo com a pesquisa nacional da Fundação Perseu Abramo, realizada com 2.502 mulheres em 2004, uma mulher é espancada a cada 15 segundos no país e ao menos 33% já sofreram algum tipo de violência física”. E acrescenta: “A violência contra as mulheres e meninas, denominada violência de gênero (violência contra a mulher na vida social privada e pública), ocorre tanto no espaço privado quanto no espaço público e pode ser cometida por familiares ou outras pessoas que vivem no mesmo domicílio (violência doméstica); ou por pessoas sem relação de parentesco e que não convivem sob o mesmo teto.
Histórico – Rachel foi encontrada morta na madrugada do dia 05 de novembro de 2008 dentro de uma mala abandonada embaixo de uma das escadas do setor de transporte da rodoviária de Curitiba. O corpo, ainda com o uniforme do Instituto de Educação - colégio onde ela estudava - apresentava sinais de estrangulamento. Os médicos do Instituto Médico Legal (IML) confirmaram que a menina sofreu violência sexual. A menina foi enterrada no dia 06 de novembro.
Mais informações:
Maria Cristina Lobo Oliveira (mãe da Rachel): 8860 6035/ 9930 7900
União Brasileira de Mulheres – Seção Paraná: com Elza Campos (coordenadora geral): 3324-6007 e 9667 9532 ou Maria Carolina Lobo Oliveira (tia da Rachel) 8814 3634.
Assessoria de imprensa UBM-PR: Andréa Rosendo - 9905 2844.
Site da UBM: www.ubmulheres.org.br
Nesta quarta-feira, 03 de novembro, registra-se dois anos do assassinato brutal da menina Rachel Lobo Genofre, de 9 anos. Em 2008, o corpo dela foi encontrado dentro de uma mala, na rodoviária de Curitiba. Em rememoração à data, a União Brasileira de Mulheres – seção Paraná (UBM-PR) realizará no próximo sábado, dia 06 de novembro, às 10 horas, o ato público “Pelo fim da violência contra mulheres e meninas: Por mim, por nós e pelas outras”. Em Curitiba, a manifestação acontecerá na Boca Maldita seguida de caminhada até a Praça Rui Barbosa, local do encerramento do ato.
Mais uma vez a UBM e o Fórum Popular de Mulheres, em conjunto com entidades do movimento social, movimento feminista e de mulheres de Curitiba realizam manifestação pública em defesa de mulheres e meninas vítimas de violência. Esta articulação exigirá a busca e punição do assassino e o comprometimento das autoridades em casos semelhantes. “Exigimos das autoridades a ampliação das políticas públicas para por fim à violência contra as mulheres e meninas. Essa é uma luta histórica das mulheres. Sabemos que quando as mulheres acessam as políticas públicas, quando têm coragem de denunciar a agressão muitas vezes não encontram respostas do serviço público. É urgente que essas políticas aconteçam e que sejam, de fato, comprometidas com o direito das mulheres”, denuncia a coordenadora nacional da UBM, Elza Campos.
Problema social - Para a mãe de Rachel, Maria Cristina Lobo Oliveira (29), que é educadora da rede municipal de Curitiba, o assassinato de Raquel é um problema social. “Este é um problema social. Nossas crianças precisam de proteção, pois às vezes podem estar andando nas ruas enquanto os seus pais estão trabalhando e estarem diante de maníacos, pedófilos. Precisamos envolver a sociedade nesse caso. O silêncio e a impunidade são cúmplices da violência. Temos de impedir que surjam novas vítimas. E as instituições precisam ser acionadas pra garantir os diretos das mulheres, limitando, assim, a ação desses criminosos”, declara.
Desdobramentos - Segundo a tia da menina, Maria Carolina Lobo Oliveira, o caso está sob responsabilidade da delegada Vanessa Alice, que tem designação especial para fazer as investigações. Apesar de a delegada manter um investigador exclusivo, Carolina lembra que o Estado precisa se envolver inclusive dando suporte financeiro para o caso. “Hoje, o assassino pode estar andando na rua XV ou na frente de um colégio. As investigações têm ajudado a solucionar outros casos de pedofilia, mas o assassino de Rachel está livre. Por isso, queremos uma audiência com o governador, a continuidade das investigações mesmo com a mudança de governo e mais recursos, pois às vezes não tem nem reagente químico para os exames. Num caso de extrema perversidade como esse, o Estado não pode ser omisso. É um caso de segurança de pública”, defende.
Simbologia - Elza lembrou que a eleição da primeira presidente do Brasil traz um novo marco para o país. Assistente social, ela acredita que as mulheres estarão mais empoderadas, com a auto-estima mais fortalecida e com coragem para denunciar casos de violência. “Foram 80 anos da conquista do voto feminino até a eleição da primeira presidente. Isso é uma simbologia de luta inegável. Acreditamos que com a eleição de Dilma Rousseff haverá um olhar especial para a situação de violência, que ainda continua na invisibilidade das quatro paredes, apesar da aprovação da Lei Maria da Penha. Vivemos num país patriarcal e machista, onde a violência contra as mulheres é naturalizada. Temos de reagir a isso. A mulher precisa confiar que pode mudar essa realidade. E nós, como parte dessa sociedade, temos de lutar contra este Estado patriarcal que oprime as mulheres em pleno século XXI”, destaca.
Missa – No dia 06 de novembro, às 19h30, haverá missa em homenagem à menina Raquel na igreja Perpétuo Socorro (Rua da Glória, próximo ao Estádio Couto Pereira)
Violência contra as mulheres – Elza explica que a violência contra a mulher tem números alarmantes. “De acordo com a pesquisa nacional da Fundação Perseu Abramo, realizada com 2.502 mulheres em 2004, uma mulher é espancada a cada 15 segundos no país e ao menos 33% já sofreram algum tipo de violência física”. E acrescenta: “A violência contra as mulheres e meninas, denominada violência de gênero (violência contra a mulher na vida social privada e pública), ocorre tanto no espaço privado quanto no espaço público e pode ser cometida por familiares ou outras pessoas que vivem no mesmo domicílio (violência doméstica); ou por pessoas sem relação de parentesco e que não convivem sob o mesmo teto.
Histórico – Rachel foi encontrada morta na madrugada do dia 05 de novembro de 2008 dentro de uma mala abandonada embaixo de uma das escadas do setor de transporte da rodoviária de Curitiba. O corpo, ainda com o uniforme do Instituto de Educação - colégio onde ela estudava - apresentava sinais de estrangulamento. Os médicos do Instituto Médico Legal (IML) confirmaram que a menina sofreu violência sexual. A menina foi enterrada no dia 06 de novembro.
Mais informações:
Maria Cristina Lobo Oliveira (mãe da Rachel): 8860 6035/ 9930 7900
União Brasileira de Mulheres – Seção Paraná: com Elza Campos (coordenadora geral): 3324-6007 e 9667 9532 ou Maria Carolina Lobo Oliveira (tia da Rachel) 8814 3634.
Assessoria de imprensa UBM-PR: Andréa Rosendo - 9905 2844.
Site da UBM: www.ubmulheres.org.br
Viva Dilma,Viva as Mulheres!
A vitória de Dilma repercutiu em todo o mundo. O jornal britânico The Independent publicou a matéria abaixo, destacando que Dilma é a Mulher mais poderosa do mundo!
Hugh O’Shaughnessy – The Independent
A mulher mais poderosa do mundo começará a andar com as próprias pernas no próximo fim de semana. Forte e vigorosa aos 63 anos, essa ex-líder da resistência a uma ditadura militar (que a torturou) se prepara para conquistar o seu lugar como Presidente do Brasil.
Como chefe de estado, a Presidente Dilma Rousseff seria mais poderosa que a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel e que a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: seu país enorme de 200 milhões de pessoas está comemorando seu novo tesouro petrolífero. A taxa de crescimento do Brasil, rivalizando com a China, é algo que a Europa e Washington podem apenas invejar.
Sua ampla vitória prevista para a próxima eleição presidencial será comemorada com encantamento por milhões. Marca a demolição final do “estado de segurança nacional”, um arranjo que os governos conservadores, nos EUA e na Europa já tomaram como seu melhor artifício para limitar a democracia e a reforma. Ele sustenta um status quo corrompido que mantém a imensa maioria na pobreza na América Latina, enquanto favorece seus amigos ricos.
A senhora Rousseff, filha de um imigrante búlgaro no Brasil e de sua esposa, professora primária, foi beneficiada por ser, de fato, a primeira ministra do imensamente popular Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder sindical. Mas com uma história de determinação e sucesso (que inclui ter se curado de um câncer linfático), essa companheira, mãe e avó será mulher por si mesma. As pesquisas mostram que ela construiu uma posição inexpugnável – de mais de 50%, comparado com menos de 30% – sobre o seu rival mais próximo, homem enfadonho de centro, chamado José Serra. Há pouca dúvida de que ela estará instalada no Palácio Presidencial Alvorada de Brasília, em janeiro.
Assim como o Presidente Jose Mujica do Uruguai, vizinho do Brasil, a senhora Rousseff não se constrange com um passado numa guerrilha urbana, que incluiu o combate a generais e um tempo na cadeia como prisioneira política.
Quando menina, na provinciana cidade de Belo Horizonte, ela diz que sonhava respectivamente em se tornar bailarina, bombeira e uma artista de trapézio. As freiras de sua escola levavam suas turmas para as áreas pobres para mostrá-las a grande desigualdade entre a minoria de classe média e a vasta maioria de pobres. Ela lembra que quando um menino pobre de olhos tristes chegou à porta da casa de sua família ela rasgou uma nota de dinheiro pela metade e dividiu com ele, sem saber que metade de uma nota não tinha valor.
Seu pai, Pedro, morreu quando ela tinha 14 anos, mas a essas alturas ele já tinha apresentado a Dilma os romances de Zola e Dostoiévski. Depois disso, ela e seus irmãos tiveram de batalhar duro com sua mãe para alcançar seus objetivos. Aos 16 anos ela estava na POLOP (Política Operária), um grupo organizado por fora do tradicional Partido Comunista Brasileiro que buscava trazer o socialismo para quem pouco sabia a seu respeito.
Os generais tomaram o poder em 1964 e instauraram um reino de terror para defender o que chamavam “segurança nacional”. Ela se juntou aos grupos radicais secretos que não viam nada de errado em pegar em armas para combater um regime militar ilegítimo. Além de agradarem aos ricos e esmagar sindicatos e classes baixas, os generais censuraram a imprensa, proibindo editores de deixarem espaços vazios nos jornais para mostrar onde as notícias tinham sido suprimidas.
A senhora Rousseff terminou na clandestina VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Nos anos 60 e 70, os membros dessas organizações sequestravam diplomatas estrangeiros para resgatar prisioneiros: um embaixador dos EUA foi trocado por uma dúzia de prisioneiros políticos; um embaixador alemão foi trocado por 40 militantes; um representante suíço, trocado por 70. Eles também balearam torturadores especialistas estrangeiros enviados para treinar os esquadrões da morte dos generais. Embora diga que nunca usou armas, ela chegou a ser capturada e torturada pela polícia secreta na equivalente brasileira de Abu Ghraib, o presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela recebeu uma sentença de 25 meses por “subversão” e foi libertada depois de três anos. Hoje ela confessa abertamente ter “querido mudar o mundo”.
Em 1973 ela se mudou para o próspero estado do sul, o Rio Grande do Sul, onde seu segundo marido, um advogado, estava terminando de cumprir sua pena como prisioneiro político (seu primeiro casamento com um jovem militante de esquerda, Claudio Galeno, não sobreviveu às tensões de duas pessoas na correria, em cidades diferentes). Ela voltou à universidade, começou a trabalhar para o governo do estado em 1975, e teve uma filha, Paula.
Em 1986 ela foi nomeada secretária de finanças da cidade de Porto Alegre, a capital do estado, onde seus talentos políticos começaram a florescer. Os anos 1990 foram anos de bons ventos para ela. Em 1993 ela foi nomeada secretária de minas e energia do estado, e impulsionou amplamente o aumento da produção de energia, assegurando que o estado enfrentasse o racionamento de energia de que o resto do país padeceu.
Ela fez mil quilômetros de novas linhas de energia elétrica, novas barragens e estações de energia térmica construídas, enquanto persuadia os cidadãos a desligarem as luzes sempre que pudessem. Sua estrela política começou a brilhar muito. Mas em 1994, depois de 24 anos juntos, ela se separou do Senhor Araújo, aparentemente de maneira amigável. Ao mesmo tempo ela se voltou à vida acadêmica e política, mas sua tentativa de concluir o doutorado em ciências sociais fracassou em 1998.
Em 2000 ela adquiriu seu espaço com Lula e seu Partido dos Trabalhadores, que se volta sucessivamente para a combinação de crescimento econômico com o ataque à pobreza. Os dois se deram bem imediatamente e ela se tornou sua primeira ministra de energia em 2003. Dois anos depois ele a tornou chefe da casa civil e desde então passou a apostar nela para a sua sucessão. Ela estava ao lado de Lula quando o Brasil encontrou uma vasta camada de petróleo, ajudando o líder que muitos da mídia européia e estadunidense denunciaram uma década atrás como um militante da extrema esquerda a retirar 24 milhões de brasileiros da pobreza. Lula estava com ela em abril do ano passado quando foi diagnosticada com um câncer linfático, uma condição declarada sob controle há um ano. Denúncias recentes de irregularidades financeiras entre membros de sua equipe quando estava no governo não parecem ter abalado a populari dade da candidata.
A Senhora Rousseff provavelmente convidará o Presidente Mujica do Uruguai para sua posse no Ano Novo. O Presidente Evo Morales, da Bolívia, o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela e o Presidente Lugo, do Paraguai – outros líderes bem sucedidos da América do Sul que, como ela, têm sofrido ataques de campanhas impiedosas de degradação na mídia ocidental – certamente também estarão lá. Será uma celebração da decência política – e do feminismo.
Tradução: Katarina Peixoto
Hugh O’Shaughnessy – The Independent
A mulher mais poderosa do mundo começará a andar com as próprias pernas no próximo fim de semana. Forte e vigorosa aos 63 anos, essa ex-líder da resistência a uma ditadura militar (que a torturou) se prepara para conquistar o seu lugar como Presidente do Brasil.
Como chefe de estado, a Presidente Dilma Rousseff seria mais poderosa que a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel e que a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: seu país enorme de 200 milhões de pessoas está comemorando seu novo tesouro petrolífero. A taxa de crescimento do Brasil, rivalizando com a China, é algo que a Europa e Washington podem apenas invejar.
Sua ampla vitória prevista para a próxima eleição presidencial será comemorada com encantamento por milhões. Marca a demolição final do “estado de segurança nacional”, um arranjo que os governos conservadores, nos EUA e na Europa já tomaram como seu melhor artifício para limitar a democracia e a reforma. Ele sustenta um status quo corrompido que mantém a imensa maioria na pobreza na América Latina, enquanto favorece seus amigos ricos.
A senhora Rousseff, filha de um imigrante búlgaro no Brasil e de sua esposa, professora primária, foi beneficiada por ser, de fato, a primeira ministra do imensamente popular Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder sindical. Mas com uma história de determinação e sucesso (que inclui ter se curado de um câncer linfático), essa companheira, mãe e avó será mulher por si mesma. As pesquisas mostram que ela construiu uma posição inexpugnável – de mais de 50%, comparado com menos de 30% – sobre o seu rival mais próximo, homem enfadonho de centro, chamado José Serra. Há pouca dúvida de que ela estará instalada no Palácio Presidencial Alvorada de Brasília, em janeiro.
Assim como o Presidente Jose Mujica do Uruguai, vizinho do Brasil, a senhora Rousseff não se constrange com um passado numa guerrilha urbana, que incluiu o combate a generais e um tempo na cadeia como prisioneira política.
Quando menina, na provinciana cidade de Belo Horizonte, ela diz que sonhava respectivamente em se tornar bailarina, bombeira e uma artista de trapézio. As freiras de sua escola levavam suas turmas para as áreas pobres para mostrá-las a grande desigualdade entre a minoria de classe média e a vasta maioria de pobres. Ela lembra que quando um menino pobre de olhos tristes chegou à porta da casa de sua família ela rasgou uma nota de dinheiro pela metade e dividiu com ele, sem saber que metade de uma nota não tinha valor.
Seu pai, Pedro, morreu quando ela tinha 14 anos, mas a essas alturas ele já tinha apresentado a Dilma os romances de Zola e Dostoiévski. Depois disso, ela e seus irmãos tiveram de batalhar duro com sua mãe para alcançar seus objetivos. Aos 16 anos ela estava na POLOP (Política Operária), um grupo organizado por fora do tradicional Partido Comunista Brasileiro que buscava trazer o socialismo para quem pouco sabia a seu respeito.
Os generais tomaram o poder em 1964 e instauraram um reino de terror para defender o que chamavam “segurança nacional”. Ela se juntou aos grupos radicais secretos que não viam nada de errado em pegar em armas para combater um regime militar ilegítimo. Além de agradarem aos ricos e esmagar sindicatos e classes baixas, os generais censuraram a imprensa, proibindo editores de deixarem espaços vazios nos jornais para mostrar onde as notícias tinham sido suprimidas.
A senhora Rousseff terminou na clandestina VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Nos anos 60 e 70, os membros dessas organizações sequestravam diplomatas estrangeiros para resgatar prisioneiros: um embaixador dos EUA foi trocado por uma dúzia de prisioneiros políticos; um embaixador alemão foi trocado por 40 militantes; um representante suíço, trocado por 70. Eles também balearam torturadores especialistas estrangeiros enviados para treinar os esquadrões da morte dos generais. Embora diga que nunca usou armas, ela chegou a ser capturada e torturada pela polícia secreta na equivalente brasileira de Abu Ghraib, o presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela recebeu uma sentença de 25 meses por “subversão” e foi libertada depois de três anos. Hoje ela confessa abertamente ter “querido mudar o mundo”.
Em 1973 ela se mudou para o próspero estado do sul, o Rio Grande do Sul, onde seu segundo marido, um advogado, estava terminando de cumprir sua pena como prisioneiro político (seu primeiro casamento com um jovem militante de esquerda, Claudio Galeno, não sobreviveu às tensões de duas pessoas na correria, em cidades diferentes). Ela voltou à universidade, começou a trabalhar para o governo do estado em 1975, e teve uma filha, Paula.
Em 1986 ela foi nomeada secretária de finanças da cidade de Porto Alegre, a capital do estado, onde seus talentos políticos começaram a florescer. Os anos 1990 foram anos de bons ventos para ela. Em 1993 ela foi nomeada secretária de minas e energia do estado, e impulsionou amplamente o aumento da produção de energia, assegurando que o estado enfrentasse o racionamento de energia de que o resto do país padeceu.
Ela fez mil quilômetros de novas linhas de energia elétrica, novas barragens e estações de energia térmica construídas, enquanto persuadia os cidadãos a desligarem as luzes sempre que pudessem. Sua estrela política começou a brilhar muito. Mas em 1994, depois de 24 anos juntos, ela se separou do Senhor Araújo, aparentemente de maneira amigável. Ao mesmo tempo ela se voltou à vida acadêmica e política, mas sua tentativa de concluir o doutorado em ciências sociais fracassou em 1998.
Em 2000 ela adquiriu seu espaço com Lula e seu Partido dos Trabalhadores, que se volta sucessivamente para a combinação de crescimento econômico com o ataque à pobreza. Os dois se deram bem imediatamente e ela se tornou sua primeira ministra de energia em 2003. Dois anos depois ele a tornou chefe da casa civil e desde então passou a apostar nela para a sua sucessão. Ela estava ao lado de Lula quando o Brasil encontrou uma vasta camada de petróleo, ajudando o líder que muitos da mídia européia e estadunidense denunciaram uma década atrás como um militante da extrema esquerda a retirar 24 milhões de brasileiros da pobreza. Lula estava com ela em abril do ano passado quando foi diagnosticada com um câncer linfático, uma condição declarada sob controle há um ano. Denúncias recentes de irregularidades financeiras entre membros de sua equipe quando estava no governo não parecem ter abalado a populari dade da candidata.
A Senhora Rousseff provavelmente convidará o Presidente Mujica do Uruguai para sua posse no Ano Novo. O Presidente Evo Morales, da Bolívia, o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela e o Presidente Lugo, do Paraguai – outros líderes bem sucedidos da América do Sul que, como ela, têm sofrido ataques de campanhas impiedosas de degradação na mídia ocidental – certamente também estarão lá. Será uma celebração da decência política – e do feminismo.
Tradução: Katarina Peixoto
sábado, 9 de outubro de 2010
Eleições presidenciais 2010: em leilão, os ovários das mulheres!
“Isso aqui”, o Brasil, não é um colônia religiosa, não é um Reino e nem um Império, é uma República! Dado o clima do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, parece que as urnas vão parir uma Rainha ou um Rei de Sabá, uma Imperatriz ou um Imperador, que tudo pode, manda em tudo e que suas vontades e ideias, automática e obrigatoriamente, viram lei! Não é bem assim…
Bastam dois neurônios íntegros para nos darmos conta que o macabro leilão de ovários (com os ovários de todas as brasileiras!), em que o aborto virou cortina de fumaça, objetiva encobrir o discurso necessário para o povo brasileiro do que significa, timtim por timtim, eleger Dilma ou Serra.
No tema do aborto a tendência mundial é, no mínimo, o aumento dos permissivos legais, que no Brasil são dois, desde 1940: gravidez resultante de estupro e risco de vida da gestante. Pontuando que legalização do aborto ou o acesso a um permissivo legal existente não significa jamais a obrigatoriedade de abortar, apenas que a cidadã que dele necessitar não precisa fazê-lo de modo clandestino, praticando desobediência civil e nem arriscando a sua saúde e a sua vida, cabe ao Estado laico e democrático colocar à disposição de suas cidadãs também os meios de acessar um procedimento médico seguro, como o abortamento.
Negá-lo, como tem feito o Brasil, que se gaba de possuir um dos sistemas de saúde mais badalados do mundo que garante acesso universal a TODOS os procedimentos médicos que não estão em fase de experimentação, é imoral, pois quebra o princípio do acesso universal do direito à saúde! Eis os termos éticos para o debate sobre o aborto numa campanha eleitoral. Nem mais e nem menos!
Então, o que estamos assistindo nas discussões do atual processo eleitoral é uma disputa para ver quem é a candidatura mais CAPAZ de desrespeitar os princípios do SUS, pasmem, em nome de Deus, num Estado laico! Ora, quem ocupa a presidência da República pode até ser carola de carteirinha, mas para consumo pessoal e não para impor seus valores para o conjunto da sociedade, pois a República não é sua propriedade privada!
Repito, não podemos esquecer que isso aqui, o Brasil, é uma República que se pauta por valores republicanos a quem todos nós devemos respeito, em decorrência, não custa nada dizer às candidaturas que limitem as demonstrações exacerbadas de carolice ao campo do privado, no recesso dos seus lares e de suas igrejas, pois não estão concorrendo ao governo de um Estado teocrático, como parece que acreditam. Como cidadã, sinto-me desrespeitada com tal postura.
As opções religiosas são direitos pétreos e questões do fórum íntimo das pessoas numa democracia. Jamais o norte legislativo de uma Nação laica, democrática e plural. Para professor uma fé e defendê-la é preciso liberdade de religião, só possível sob a égide do Estado laico, onde o eixo das eleições presidenciais é a escolha de quem a maioria do povo considera mais confiável para trilhar rumo a um país menos miserável, de bem-estar social, uma pátria-mátria para o seu povo.
Ou há pastores/as e padres que insistem em ignorar a realidade? “Chefe religioso” ignorante de que a sua religião necessita das liberdades democráticas como do ar que respiramos, não merece o lugar que ocupa, cabendo aos seus fiéis destituí-los do cargo, aí sim em nome de Deus, amém!
O leilão de ovários em curso resulta de vigarices e pastorices deslavadas, de má-fé e falta de escrúpulos que manipulam crenças religiosas de gente de boa-fé para enganá-las, como a uma manada de vaquinhas de presépio, vaquejadas por uma Madre Não Sei das Quantas, cristã caridosa e reacionária disfarçada de santa, exemplar perfeito de que pessoas desse naipe só a miséria gera. Num mundo sem miséria, madres lobas em pele de cordeiro são desnecessárias e dispensáveis. É pra lá que queremos ir e o leilão de ovários quer impedir!
Quem porta uma gota de lucidez tem o dever, moral e político, de não permitir que a escória fundamentalista de qualquer religião, que faz da religião um balcão de negociatas que vende Deus, pratica pedofilia e fica impune e ainda tem a cara de pau de defender a impunidade para pedófilos e os acoberta desde os tempos mais remotos, nos engabele e ande por aí com uma bandeja de ovários transformando a escolha de quem presidirá a República num plebiscito pra definir quem tem mais mão de ferro pra mandar mais no território do corpo feminino!
Cadê a moral dessa gente desregrada para querer ditar normas de comportamento segundo a sua fé religiosa para o conjunto da sociedade, como se o Brasil fosse a sua “comunidade religiosa”? Ora, qualquer denominação religiosa em terras brasileiras está também obrigada ao cumprimento das leis nacionais, ou não? Logo o que certas multinacionais da religião fizeram no processo eleitoral 2010 tem nome, chama-se ingerência estrangeira na soberania nacional. E vamos permitir sem dar um pio?
Diante dessa juquira (brotação da mata pós-desmatamento), onde só medrou urtiga e cansanção, cito Brizola, que estava coberto de razão quando disse: “O Brasil é um país sem sorte”, pois em pleno Século 21 conta com candidaturas presidenciais (não sobra uma, minha gente!) reféns dos setores mais arcaicos e feudais de algumas religiões mercantilistas de Deus.
É hora de dar um trato ecológico na juquira que empana os ideais e princípios republicanos, fora dos ditames da “moderna” agenda verde financeira neoliberal da “nova política”, que no Brasil é infectada de carcomidas figuras, que bem sabemos de onde vieram e pra onde vão, se o sonho é fazer do Brasil um jardim de cidadania, similar ao que Cecília Meireles tão lindamente poetou.
* Fátima Oliveira é médica e escritora. Feminista. Integra o Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e o Conselho Consultivo da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe (RSMLAC). Escreve uma coluna semanal no jornal O Tempo (BH, MG), desde 3 de abril de 2002. Uma das 52 brasileiras indicadas ao Nobel da Paz 2005, pelo projeto 1000 Mulheres para o Nobel da Paz 2005.
Autora dos seguintes livros de divulgação e popularização da ciência: Engenharia genética: o sétimo dia da criação (Moderna, 1995 – 14a. impressão, atualizada em 2004); Bioética: uma face da cidadania (Moderna, 1997 – 8a. impressão atualizada, 2004); Oficinas Mulher Negra e Saúde (Mazza Edições, 1998); Transgênicos: o direito de saber e a liberdade de escolher (Mazza Edições, 2000); O estado da arte da Reprodução Humana Assistida em 2002 e Clonagem e manipulação genética humana: mitos, realidade, perspectivas e delírios (CNDM/MJ, 2002); Saúde da população Negra, Brasil 2001 (OMS-OPS, 2002).
Autora dos seguintes romances: A hora do Angelus (Mazza Edições, 2005); Reencontros na travessia: a tradição das carpideiras (Mazza Edições, 2008); e Então, deixa chover (no prelo).
Bastam dois neurônios íntegros para nos darmos conta que o macabro leilão de ovários (com os ovários de todas as brasileiras!), em que o aborto virou cortina de fumaça, objetiva encobrir o discurso necessário para o povo brasileiro do que significa, timtim por timtim, eleger Dilma ou Serra.
No tema do aborto a tendência mundial é, no mínimo, o aumento dos permissivos legais, que no Brasil são dois, desde 1940: gravidez resultante de estupro e risco de vida da gestante. Pontuando que legalização do aborto ou o acesso a um permissivo legal existente não significa jamais a obrigatoriedade de abortar, apenas que a cidadã que dele necessitar não precisa fazê-lo de modo clandestino, praticando desobediência civil e nem arriscando a sua saúde e a sua vida, cabe ao Estado laico e democrático colocar à disposição de suas cidadãs também os meios de acessar um procedimento médico seguro, como o abortamento.
Negá-lo, como tem feito o Brasil, que se gaba de possuir um dos sistemas de saúde mais badalados do mundo que garante acesso universal a TODOS os procedimentos médicos que não estão em fase de experimentação, é imoral, pois quebra o princípio do acesso universal do direito à saúde! Eis os termos éticos para o debate sobre o aborto numa campanha eleitoral. Nem mais e nem menos!
Então, o que estamos assistindo nas discussões do atual processo eleitoral é uma disputa para ver quem é a candidatura mais CAPAZ de desrespeitar os princípios do SUS, pasmem, em nome de Deus, num Estado laico! Ora, quem ocupa a presidência da República pode até ser carola de carteirinha, mas para consumo pessoal e não para impor seus valores para o conjunto da sociedade, pois a República não é sua propriedade privada!
Repito, não podemos esquecer que isso aqui, o Brasil, é uma República que se pauta por valores republicanos a quem todos nós devemos respeito, em decorrência, não custa nada dizer às candidaturas que limitem as demonstrações exacerbadas de carolice ao campo do privado, no recesso dos seus lares e de suas igrejas, pois não estão concorrendo ao governo de um Estado teocrático, como parece que acreditam. Como cidadã, sinto-me desrespeitada com tal postura.
As opções religiosas são direitos pétreos e questões do fórum íntimo das pessoas numa democracia. Jamais o norte legislativo de uma Nação laica, democrática e plural. Para professor uma fé e defendê-la é preciso liberdade de religião, só possível sob a égide do Estado laico, onde o eixo das eleições presidenciais é a escolha de quem a maioria do povo considera mais confiável para trilhar rumo a um país menos miserável, de bem-estar social, uma pátria-mátria para o seu povo.
Ou há pastores/as e padres que insistem em ignorar a realidade? “Chefe religioso” ignorante de que a sua religião necessita das liberdades democráticas como do ar que respiramos, não merece o lugar que ocupa, cabendo aos seus fiéis destituí-los do cargo, aí sim em nome de Deus, amém!
O leilão de ovários em curso resulta de vigarices e pastorices deslavadas, de má-fé e falta de escrúpulos que manipulam crenças religiosas de gente de boa-fé para enganá-las, como a uma manada de vaquinhas de presépio, vaquejadas por uma Madre Não Sei das Quantas, cristã caridosa e reacionária disfarçada de santa, exemplar perfeito de que pessoas desse naipe só a miséria gera. Num mundo sem miséria, madres lobas em pele de cordeiro são desnecessárias e dispensáveis. É pra lá que queremos ir e o leilão de ovários quer impedir!
Quem porta uma gota de lucidez tem o dever, moral e político, de não permitir que a escória fundamentalista de qualquer religião, que faz da religião um balcão de negociatas que vende Deus, pratica pedofilia e fica impune e ainda tem a cara de pau de defender a impunidade para pedófilos e os acoberta desde os tempos mais remotos, nos engabele e ande por aí com uma bandeja de ovários transformando a escolha de quem presidirá a República num plebiscito pra definir quem tem mais mão de ferro pra mandar mais no território do corpo feminino!
Cadê a moral dessa gente desregrada para querer ditar normas de comportamento segundo a sua fé religiosa para o conjunto da sociedade, como se o Brasil fosse a sua “comunidade religiosa”? Ora, qualquer denominação religiosa em terras brasileiras está também obrigada ao cumprimento das leis nacionais, ou não? Logo o que certas multinacionais da religião fizeram no processo eleitoral 2010 tem nome, chama-se ingerência estrangeira na soberania nacional. E vamos permitir sem dar um pio?
Diante dessa juquira (brotação da mata pós-desmatamento), onde só medrou urtiga e cansanção, cito Brizola, que estava coberto de razão quando disse: “O Brasil é um país sem sorte”, pois em pleno Século 21 conta com candidaturas presidenciais (não sobra uma, minha gente!) reféns dos setores mais arcaicos e feudais de algumas religiões mercantilistas de Deus.
É hora de dar um trato ecológico na juquira que empana os ideais e princípios republicanos, fora dos ditames da “moderna” agenda verde financeira neoliberal da “nova política”, que no Brasil é infectada de carcomidas figuras, que bem sabemos de onde vieram e pra onde vão, se o sonho é fazer do Brasil um jardim de cidadania, similar ao que Cecília Meireles tão lindamente poetou.
“Quem me compra um jardim com flores?/ borboletas de muitas cores,/ lavadeiras e passarinhos,/ ovos verdes e azuis nos ninhos?/ Quem me compra este caracol?/ Quem me compra um raio de sol?/ Um lagarto entre o muro e a hera,/ uma estátua da Primavera?/ Quem me compra este formigueiro?/ E este sapo, que é jardineiro?/ E a cigarra e a sua canção?/ E o grilinho dentro do chão?/ (Este é meu leilão!)” [Leilão de Jardim, Cecília Meireles].
Em 2010 em nosso país o que está em jogo é também a luta por uma democracia que se guie pela deferência à liberdade reprodutiva e que considere a maternidade voluntária um valor moral, político e ético, logo respeita e apoia as decisões reprodutivas das mulheres, independente da fé que professam. Nada a ver com a escolha de quem vai mandar mais no território dos corpos das mulheres! Então, xô, tirem as mãos dos nossos ovários!
Em 2010 em nosso país o que está em jogo é também a luta por uma democracia que se guie pela deferência à liberdade reprodutiva e que considere a maternidade voluntária um valor moral, político e ético, logo respeita e apoia as decisões reprodutivas das mulheres, independente da fé que professam. Nada a ver com a escolha de quem vai mandar mais no território dos corpos das mulheres! Então, xô, tirem as mãos dos nossos ovários!
* Fátima Oliveira é médica e escritora. Feminista. Integra o Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e o Conselho Consultivo da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe (RSMLAC). Escreve uma coluna semanal no jornal O Tempo (BH, MG), desde 3 de abril de 2002. Uma das 52 brasileiras indicadas ao Nobel da Paz 2005, pelo projeto 1000 Mulheres para o Nobel da Paz 2005.
Autora dos seguintes livros de divulgação e popularização da ciência: Engenharia genética: o sétimo dia da criação (Moderna, 1995 – 14a. impressão, atualizada em 2004); Bioética: uma face da cidadania (Moderna, 1997 – 8a. impressão atualizada, 2004); Oficinas Mulher Negra e Saúde (Mazza Edições, 1998); Transgênicos: o direito de saber e a liberdade de escolher (Mazza Edições, 2000); O estado da arte da Reprodução Humana Assistida em 2002 e Clonagem e manipulação genética humana: mitos, realidade, perspectivas e delírios (CNDM/MJ, 2002); Saúde da população Negra, Brasil 2001 (OMS-OPS, 2002).
Autora dos seguintes romances: A hora do Angelus (Mazza Edições, 2005); Reencontros na travessia: a tradição das carpideiras (Mazza Edições, 2008); e Então, deixa chover (no prelo).
Email: fatimaoliveira@ig.com.br
Belo Horizonte, 07 de outubro de 2010
Belo Horizonte, 07 de outubro de 2010
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Fonte: publicado no Blog Viomundo (Luiz Carlos Azenha
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"despenalização do aborto",
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sábado, 18 de setembro de 2010
Católicas pelo Direito de Decidir em Defesa da Vida
A Entidade Feminista Católicas pelo Direito de Decidir divulga carta em Defesa da Vida, em resposta ao texto da Conferência dos Bispos do Brasil.
Católicas pelo Direito de Decidir em Defesa da Vida (em resposta ao texto "Apelo a todos os Brasileiros e Brasileiras" sobre como votar nas eleições 2010).
No final de agosto último, a Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, elaborou um texto com o propósito de orientar seus e suas fiéis sobre como votar bem nas próximas eleições. A Presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, por sua vez, divulgaram nota em que afirmam acolher e recomendar a divulgação dessas orientações. Católicas pelo Direito de Decidir, após tomar conhecimento do teor desses documentos, vem a público manifestar seu estranhamento e repúdio às afirmações falaciosas presentes no referido texto, o que de forma nenhuma condiz com o que esperamos de líderes religiosos que deveriam ser exemplo de ética e correção, especialmente ao assumir tarefa que não é própria do âmbito religioso, ou seja, interferir nas eleições, dirigindo-se inclusive a não católicos/as.
Como católicas, estranhamos que Igreja católica no Brasil, que há 30 anos orientou cristãos e cristãs a participarem da política sem assumir posições partidárias, venha agora a público fazer uma campanha tão declaradamente contrária à candidata do atual governo, distorcendo informações e faltando com a verdade. Se não, vejamos:1. Não é verdade que o projeto apresentado pela Comissão Tripartite em 2005 propunha a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez. Cópia fiel do texto do projeto começa com a seguinte frase: "O Congresso Nacional decreta: Art. 1º - É livre a interrupção da gravidez, até a décima segunda semana de gestação, nos termos desta lei." No texto "Apelo a todos os Brasileiros e Brasileiras", portanto, há uma evidente distorção dos fatos, haja vista que existe uma regulamentação explícita no Projeto de Lei 1135/91 (e que é detalhada nos artigos seguintes) que não permitiria a interrupção de gravidez a qualquer momento da gestação. Para mais informações, veja em: Comissão de Seguridade Social e Família - Substituto da relatora ao projeto de lei n.1135, de 1991. 2. Não é verdade que o plano de governo do segundo e atual mandato do Presidente da República, de setembro de 2006, reafirme o compromisso de legalizar o aborto. Reiterada e publicamente o presidente vem afirmando que o aborto é uma questão de saúde pública e deve ser discutido no Congresso Nacional. 3. Ao afirmar a suposta existência de um Imperialismo demográfico que está implantando o controle demográfico mundial como moderna estratégia do capitalismo internacional, o texto da comissão da CNBB utiliza um argumento antigo, falso e inconsistente, sobretudo em tempos em que esse controle significaria uma estratégia obsoleta e desnecessária, pois é sabido que há tempos o Brasil é um país cuja população envelhece mais do que cresce. Além disso, o que ganharia o capitalismo em produzir menos consumidores? E o que o texto ganha, em termos pastorais, ao insinuar uma espécie de teoria da conspiração absolutamente fantasiosa? 4. Perguntamo-nos ainda por que os nossos eminentes Bispos silenciam princípios doutrinais católicos que legitimam o direito de uma mulher optar pelo aborto, como o recurso à própria consciência e a escolha do mal menor? Seria por um autoritarismo misógino? Ou seria por "mero" abuso de poder?
Como católicas comprometidas com a defesa da vida e da dignidade das mulheres, repudiamos a irresponsabilidade de integrantes da hierarquia católica que vêm insistentemente a publico para condenar o aborto - reforçando o estigma e o sofrimento de milhares de pessoas -, mas silenciam em conivência com as múltiplas formas de violência que as mulheres sofrem cotidianamente no Brasil apenas por serem mulheres. Lembramos que casos como os assassinatos de Eliza Samúdio e Mércia Nakashima não são exceção, mas regra corrente em nosso país misógino e machista.Como católicas comprometidas com a justiça social, lamentamos profundamente que a CNBB não faça notas públicas para orientar a população católica a votar em candidatos reconhecidamente favoráveis às lutas sociais, à erradicação da miséria e da violência e à implementação de políticas públicas no Brasil que resolvam a injusta distribuição de renda de nosso país. A Igreja católica na qual fomos formadas foi, em tempos de ditadura militar, no Brasil a voz daqueles que não têm voz, mas hoje cala-se vergonhosamente frente aos problemas mais graves do país, insistindo apenas na condenação dos direitos humanos das mulheres e de pessoas homossexuais, bissexuais, de travestis e transexuais. É sabido, entretanto, que há inúmeros/as católicos/as que, à revelia das posições oficiais da CNBB, continuam dando sua vida em prol daqueles que sofrem discriminações de todo o tipo. Parte significativa de padres, freiras e leigos/as não expressam sua discordância da oficialidade católica, porque temem ser punidos com expulsão das pastorais e das dioceses, imposição do silêncio e até mesmo afastados do serviço sacerdotal. Para nós, no entanto, são essas as pessoas que mantém vivo o espírito do evangelho!A oficialidade católica necessita ouvir essas vozes e trabalhar por uma igreja coerente com os valores cristãos, com menos escândalos sexuais e voltada para aqueles/as que mais sofrem. Não é tarefa da Igreja assumir posições partidárias no processo político eleitoral, muito menos atentar contra a laicidade do Estado.Como Católicas pelo Direito de Decidir, somos favoráveis à democracia, não queremos que o Estado se deixe pressionar por interferências indevidas de setores religiosos fundamentalistas. Defendemos o respeito merecido por todo/a o cidadão/ã brasileiro/a na hora de votar. Como Católicas pelo Direito de Decidir, queremos fazer pública uma das vozes dissonantes dos diversos movimentos católicos que não concordam com o autoritarismo da hierarquia eclesiástica. Manifestamos nossa imparcialidade no processo eleitoral, repudiando o uso político das religiões para alcançar votos, bem como o uso que a oficialidade católica vem fazendo da política para impor questões supostamente doutrinais.
CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIRSão Paulo, 10 de setembro de 2010
http://www.catolicasonline.org.br/
terça-feira, 24 de agosto de 2010
As mulheres no encontro das blogueiras
Reproduzo matéria publicada no blog "Maria da Penha neles".
Participamos do Primeiro Encontro de Blogueiros Progressistas em São Paulo no último fim de semana. Foi um encontro alegre e descontraído, com a presença de muitas mulheres interessantes, batalhadoras e comprometidas com as lutas sociais.
Foi emocionante ver reunidas tantas mulheres que estão alinhadas com os novos tempos que vivemos e que se posicionam de maneira firme para defender suas ideais e lutas. Não tenho estatísticas mostrando o número de mulheres participantes, mas no "olhometro", arriscaria dizer que empatamos em número de participantes com os homens.
Tivenos a oportunidade de ouvir as experiências exitosas dos blogueiros de grande sucesso, o Paulo Henrique Amorim, o Luis Azenha e o Nassif, e de blogueiros menos conhecidos mas importantíssimos na luta pela democracia, pela liberdade de expressão e contra o pensamento único da grande mídia.
Destaco o emocionante e corajoso depoimento de Débora da Silva, do blog Mães de Maio, que seguramente encorajou outras mulheres a continuar lutando por seus ideais de justiça social e liberdade de expressão.
Foi gratificante conhecer pessoalmente mulheres maravilhosas como Caia Fitipaldi, que colabora de forma voluntária com muitos blogueiros com suas ótimas traduções da imprensa internacional, a bela Nanda Tardin, que incansavelmente divulga as notícias de "Nuestra América", a simpática e competente twitteira Conceição Oliveira, do blog Maria Fro, e a vibrante Conceição Lemos, do blog do Azenha.
Muitas blogueiras jovens que, como eu e minha companheira de blog Rosangela Basso, ouviram atentamente e aprenderam muito com os mais experientes. O encontro de blogueiros progressistas, encerrado no domingo 22 de agosto, já deixou muita saudade e a vontade de que o próximo se realize logo.
No próximo encontro, já com uma mulher presidente do Brasil, temos que nos organizar e garantir que nossa presença se destaque nas palestras e depoimentos, pois este ainda teve a predominância de homens. Não vai aqui uma crítica aos homens ou aos organizadores do evento, mas um alerta a nós mulheres.
Somos corajosas, somos competentes e temos um Brasil novo para conquistar, mas não conquistaremos nossos espaços por decreto, mas com luta e determinação, mostrando nossa cara e nossa história, como o faz nossa futura presidente do Brasil.
Temos que estar preparadas para nos mobilizarmos e botar nossos blogues na rua, quando nossa futura presidente da República precisar da força das mulheres brasileiras para mostrar ao Brasil que ainda insiste em nos desqualificar, que somos cidadãs plenas de direitos e que lutaremos para ser protagonistas deste novo Brasil
A bola está nas nossas mãos!
---------------------
Fonte: Blog do Miro
Participamos do Primeiro Encontro de Blogueiros Progressistas em São Paulo no último fim de semana. Foi um encontro alegre e descontraído, com a presença de muitas mulheres interessantes, batalhadoras e comprometidas com as lutas sociais.
Foi emocionante ver reunidas tantas mulheres que estão alinhadas com os novos tempos que vivemos e que se posicionam de maneira firme para defender suas ideais e lutas. Não tenho estatísticas mostrando o número de mulheres participantes, mas no "olhometro", arriscaria dizer que empatamos em número de participantes com os homens.
Tivenos a oportunidade de ouvir as experiências exitosas dos blogueiros de grande sucesso, o Paulo Henrique Amorim, o Luis Azenha e o Nassif, e de blogueiros menos conhecidos mas importantíssimos na luta pela democracia, pela liberdade de expressão e contra o pensamento único da grande mídia.
Destaco o emocionante e corajoso depoimento de Débora da Silva, do blog Mães de Maio, que seguramente encorajou outras mulheres a continuar lutando por seus ideais de justiça social e liberdade de expressão.
Foi gratificante conhecer pessoalmente mulheres maravilhosas como Caia Fitipaldi, que colabora de forma voluntária com muitos blogueiros com suas ótimas traduções da imprensa internacional, a bela Nanda Tardin, que incansavelmente divulga as notícias de "Nuestra América", a simpática e competente twitteira Conceição Oliveira, do blog Maria Fro, e a vibrante Conceição Lemos, do blog do Azenha.
Muitas blogueiras jovens que, como eu e minha companheira de blog Rosangela Basso, ouviram atentamente e aprenderam muito com os mais experientes. O encontro de blogueiros progressistas, encerrado no domingo 22 de agosto, já deixou muita saudade e a vontade de que o próximo se realize logo.
No próximo encontro, já com uma mulher presidente do Brasil, temos que nos organizar e garantir que nossa presença se destaque nas palestras e depoimentos, pois este ainda teve a predominância de homens. Não vai aqui uma crítica aos homens ou aos organizadores do evento, mas um alerta a nós mulheres.
Somos corajosas, somos competentes e temos um Brasil novo para conquistar, mas não conquistaremos nossos espaços por decreto, mas com luta e determinação, mostrando nossa cara e nossa história, como o faz nossa futura presidente do Brasil.
Temos que estar preparadas para nos mobilizarmos e botar nossos blogues na rua, quando nossa futura presidente da República precisar da força das mulheres brasileiras para mostrar ao Brasil que ainda insiste em nos desqualificar, que somos cidadãs plenas de direitos e que lutaremos para ser protagonistas deste novo Brasil
A bola está nas nossas mãos!
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Fonte: Blog do Miro
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Blogueiros Progressistas
sábado, 21 de agosto de 2010
A escolha de ser mãe!
Brasil: 46% dos nascimentos não foram desejados
Criada há 50 anos, nos Estados Unidos, a pílula anticoncepcional é um método
contraceptivo largamente utilizado pelas mulheres brasileiras. Porém, apesar
de sua disseminação e da redução das taxas de fecundidade no Brasil, muitas
delas se tornam mães em momentos não planejados. A última Pesquisa Nacional
de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher
realizada em 2006, mostra que 46% dos nascimentos no Brasil não foram
desejados ou haviam sido planejados para mais tarde.
Financiada pelo Ministério da Saúde, a PNDS foi coordenada pela equipe da
área de População e Sociedade do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
(Cebrap). A pesquisa busca traçar um perfil da população feminina brasileira
em idade fértil e de crianças de até cinco anos e está em sua terceira
edição, tendo sido realizada pela primeira vez em 1986 e repetida no ano de
1996.
Os dados da PNDS-1996 apontavam que o porcentual de nascimentos
não-planejados era de 48%. O tímido avanço de apenas 2% até o ano de 2006
evidencia uma falha na oferta de contraceptivos e orientação por parte do
governo, explica Laura Wong, uma das pesquisadoras da PNDS-2006 e professora
do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Porém, segundo a pesquisadora,
o panorama atual já vem sendo modificado: "A PNDS, como indicado, é de 2006.
De lá para cá, mudanças significativas têm ocorrido na área de atenção à
saúde reprodutiva. Uma das mudanças se relaciona com a ampliação do Programa
Saúde da Família (PSF) que, após 2006, e nos últimos dois anos, vem
ampliando sua cobertura e passou a incluir nos programas de saúde da mulher
a oferta de meios de planejamento da fecundidade. De tal forma, acredito que
esse percentual (de 46%) tenha diminuído".
A ampliação do Programa Saúde da Família e a implementação do módulo de
Planejamento Familiar contribuem, segundo Laura Wong, para a queda da taxa
de fecundidade das mulheres brasileiras. Segundo ela, "um indicativo disso é
a sinalização das estatísticas da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) com relação à fecundidade de mulheres com menos de 20
anos. Desde 2005, a probabilidade de essas mulheres terem um filho está em
torno de 50-60 por mil. È válido lembrar que, nos anos 2000, este indicador
oscilava em torno de 70-80 por mil", explica.
Outro resultado divulgado pela PNDS-2006 é que a laqueadura (esterilização
feminina) ainda é o recurso contraceptivo mais usado por mulheres
brasileiras. Porém, se forem somados os usos da pílula, dos
anticoncepcionais injetáveis e do Dispositivo Intrauterino (DIU), os métodos
reversíveis já ultrapassam a laqueadura. Em relação aos métodos reversíveis
de contracepção, Laura Wong explica que as mulheres brasileiras têm um
escasso leque de escolhas: "Preservativos e contracepção hormonal oral são
praticamente as únicas alternativas. Os outros métodos, por requererem maior
investimento em informação, recursos monetários e pessoal qualificado, nem
sempre estão disponíveis. Por isso os métodos antes citados, sem ser
necessariamente a primeira escolha dos casais, são os mais usados", afirma.
"A outra dificuldade, mais estrutural, é o acesso aos serviços de saúde. Uma
consulta médica num posto de saúde toma tempo excessivo de uma mulher. Isto
desencoraja a visita ao posto de saúde, colocando em risco não apenas a
saúde reprodutiva, como toda a saúde em geral", completa Wong.
O aumento no uso de contraceptivos também foi apontado pela PNDS-2006, que
indicou que 81% das mulheres de 15 a 49 anos que viviam alguma forma de
união usavam anticoncepcionais. Esse aumento, porém, não contribui para a
redução do número de abortos induzidos no país, como avalia Wong: "Se a
pressão por reduzir o número de filhos aumenta muito mais que a oferta de
planejamento da fecundidade, o número de abortos pode crescer. É provável
que este seja o perfil que mais se acomoda à realidade brasileira",
esclarece a pesquisadora. "Penso que, se tal como sugerem as estatísticas,
não há sinais de arrefecimento do aborto induzido, mesmo que tenha havido
aumento da oferta de contracepção, a pressão por ter menos filhos em nossa
sociedade tem sido ainda maior. Essa é a pergunta que deve ser feita: Por
que aumentou tanto a pressão por ter menos filhos? Que fatores sociais,
econômicos e culturais estão atuando para exercer essa pressão?", completa.
A queda na taxa de fecundidade das mulheres brasileiras, registrada na
PNDS-2006, é causada por diversos fatores, entre eles questões econômicas e
financeiras. "O maior nível de informação que a sociedade tem, via meios de
comunicação massiva (principalmente televisão) e informações sobre o futuro
incerto (ausência de garantias de emprego, ameaças de instabilidade
econômica etc.) são fortes sinalizadores de que ter um filho, hoje em dia, é
uma temeridade. Esta insegurança, transmitida a uma grande parte da
população independentemente do grau de educação e renda ou lugar de
residência, certamente funciona como um freio à ampliação da família",
afirma a pesquisadora.
Pesquisas como a PNDS auxiliam na formulação de políticas e estratégias de
ação nas áreas de saúde e nutrição de mulheres e crianças. Se 46% dos
nascimentos no Brasil não são desejados ou haviam sido planejados para mais
tarde é sinal de que ainda existem avanços a serem feitos na área da saúde
sexual e reprodutiva da mulher. "Por razões distintas, mulheres têm mais ou
menos filhos do que os que gostariam de ter. Valeria a pena nos
questionarmos se isso não é uma violação aos direitos reprodutivos", indaga
a pesquisadora Laura Wong.
Publicada em: 18/08/2010 às 11:30
domingo, 1 de agosto de 2010
Lula apela ao líder do Irã para enviar condenada à morte por apedrejamento ao Brasil
DIMITRI DO VALLE
DE CURITIBA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, em Curitiba (PR), que vai pedir ao líder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que envie a iraniana condenada à morte por apedrejamento ao Brasil, onde poderá receber asilo. Sakineh Ashtiani já recebeu 99 chibatadas como punição por manter "relacionamento ilícito" com um homem.
"Se vale a minha amizade com o presidente do Irã e se ela [a mulher condenada] estiver causando incômodo lá, nós a receberemos no Brasil de bom grado", disse Lula, acrescentando que vai telefonar para o iraniano e conversar sobre o assunto.
Acho que nada justifica o Estado tirar a vida de alguém. Só Deus pode fazer isso", disse o presidente.
A candidata à Presidência Dilma Roussef, em entrevista também em Curitiba, falou que a decisão do governo de Teerã "fere" a "nós que temos sensibilidade, humanidade".
Os dois participaram no Paraná de um evento da campanha da candidata à Presidência.
MUDANÇA DE OPINIÃO
Ainda na quarta-feira (28) a posição de Lula mantinha-se inalterada. Questionado sobre as campanhas mundial e nacional na internet e no twitter pela libertação da iraniana, o presidente brasileiro disse que se um país passa a desobedecer suas leis para atender a pedidos de outros líderes, poderia ocorrer uma "avacalhação".
No Palácio do Itamaraty, o presidente opinou sobre a campanha "Liga Lula", dizendo que não poderia passar o dia atendendo a pedidos e que as leis dos países devem ser respeitadas.
"Um presidente da República não pode ficar na internet atendendo todo o pedido que alguém pede de outro país (...) É preciso tomar muito cuidado porque as pessoas têm leis, as pessoas têm regras. Se começarem a desobedecer as leis deles para atender o pedido de presidentes daqui a pouco vira uma avacalhação", disse.
Em seguida, Lula complementou que não acha certo "nenhuma mulher deveria ser apedrejada por conta de traição."
ENTENDA O CASO
Mãe de dois filhos, Ashtiani recebeu 99 chicotadas após ter sido considerada culpada, em maio de 2006, de ter uma "relação ilícita" com dois homens. Depois, foi declarada culpada de "adultério estando casada", crime que sempre negou, e condenada a morte por apedrejamento.
O anúncio de que a aplicação da pena poderia ser iminente despertou uma grande mobilização internacional, e países como França, Reino Unido, EUA e Chile expressaram suas críticas à decisão de Teerã. O governo islâmico disse então que suspenderia a pena, até segunda ordem.
CAMPANHA
Um abaixo-assinado aberto há cerca de um mês na internet deu impulso mundial à campanha pela libertação da iraniana.
O documento conta com mais de 114 mil assinaturas, a maioria sem valor real, como pessoas identificadas apenas pelo primeiro nome, manifestações políticas como "E agora Lula?" e piadas como "Pica Pau".
A lista, contudo, tem também assinaturas verídicas de célebres brasileiros --Fernando Henrique Cardoso, Chico Buarque e Caetano Veloso.
Farshad Hoseini, diretor do Comitê Internacional contra Lapidação e autor do documento, explica que a ideia é que a pressão internacional chegue ao governo iraniano.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/775799-lula-apela-ao-lider-do-ira-para-enviar-condenada-a-morte-por-apedrejamento-ao-brasil.shtml
domingo, 25 de julho de 2010
Mais de 41.500 mulheres assassinadas em uma década.
Entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres foram assassinadas no país, o que resultou numa média macabra de 10 brasileiras mortas por dia. O índice de 4,2 assassinadas por 100.000 habitantes coloca o Brasil acima do padrão internacional. Os dados constam do estudo “Mapa da Violência no Brasil 2010″, feito pelo Instituto Sangari, uma organização educacional, com base em dados do Sistema Único de Saúde.
Algumas cidades, como Alto Alegre, em Roraima, e Silva Jardim, no Rio de Janeiro, tem índices de assassinato de mulheres perto dos mais altos do mundo (África do Sul e Colômbia). Entre os estados, a pior colocação no ranking nacional é a do Espírito Santo, com 10,3 assassinatos por 100 mil habitantes.
Ao analisar o assunto no Núcleo de Estudo da Violência da Universidade de São Paulo (USP), a pesquisadora Wânia Izumino constatou que os assassinos costumam ser maridos ou ex-maridos, namorados ou companheiros inconformados em perder o poder sobre uma relação que acreditavam controlar. Na maioria das vezes, a mulher recusa sexo ou insiste na separação. Motivos fúteis são a causa de aproximadamente 50% dos crimes.
Importante instrumento no combate à violência, o 180, telefone da Central de Atendimento à Mulher, recebeu, nos primeiros cinco meses de 2010, 95% a mais de denúncias em relação ao ano passado. A informação é da Secretaria de Políticas para a Mulher, do governo federal. Conforme a secretaria, das mais de 50.000 mulheres que denunciaram agressões, a maioria é negra, casada, tem entre 20 e 45 anos e nível médio de escolaridade. O perfil do agressor é de um homem negro, com idade entre 20 e 55 anos e nível médio de escolaridade.
A secretaria acredita que uma das causas do aumento da procura pelo 180 é a maior divulgação da lei Maria da Penha.
Fonte: http://jornalistaveramattos.blogspot.com/2010/07/mais-de-41500-mulheres-assassinadas-em.html?spref=bl
http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=18609
domingo, 18 de julho de 2010
POR MIM, POR NOS E PELAS OUTRAS: NÃO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
“No Brasil, as agressões contra as mulheres ocorrem a cada 15 segundos e os companheiros são responsáveis por quase 70% dos assassinatos do sexo feminino.”
Apesar dos avanços obtidos com a aprovação da Lei Maria da Penha que torna crime a violência contra a mulher, não estaremos seguras enquanto tivermos uma cultura que legitima a posse e o domínio do homem sobre a mulher, relações hierarquizadas, onde os homens subjugam as mulheres a todas as suas vontades, usando muitas vezes a violência como forma de demonstrar seu poder.
Somente no primeiro semestre de 2010 foram noticiados vários casos de violência contra a mulher no Estado do Rio de Janeiro. O mais recente deles é o caso do desaparecimento de Eliza Samudio, 25 anos, ex-namorada e mãe do filho do goleiro do Flamengo Bruno.
Em outubro do ano passado, Eliza Samúdio já havia prestado queixa contra o Bruno por sequestro, ameaça e agressão na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Jacarepaguá. De acordo com o depoimento dela, Bruno e dois amigos a obrigaram a ingerir remédios abortivos na ocasião. A mulher disse que o goleiro chegou a ameaçá-la com uma arma apontada para a cabeça.
O laudo do Instituto Médico legal feito por ela na ocasião encontrou "vestígios de agressão" na jovem. A delegada Maria Aparecida Mallet chegou a pedir medidas protetivas que impediam Bruno de se aproximar mais do que 300 metros de Samúdio e de sua família.
Apesar de todas as medidas tomadas pela vítima, isso não foi suficiente para proteger sua vida, visto que a mesma encontra-se desaparecida há mais de 3 semanas.
Embora, este seja o caso mais noticiado no momento, outras mulheres continuam sendo vítimas de violência por parte de seus companheiros, como o caso de Orestina Soares, de 53 anos, que foi morta a pedradas por seu namorado, em Duque de Caxias; de Antônia Eliane Farias, que em novembro do ano passado foi torturada por seu ex-marido com mais de 30 facadas pelo corpo e em conseqüência dessa violência usa próteses e só anda com a ajuda de muletas; Outro caso que divulgado foi a morte de Dayana Alves da Silva, 24 anos, após ser incendiada por seu ex-marido enquanto trabalhava no Engenho de Dentro, ela morreu após ficar dois meses internada. Isto também ocorreu mesmo após a jovem já ter registrado três ocorrências do ex-marido na DEAM, inclusive no dia anterior ao crime, sem que nenhuma providência fosse tomada.
Lembramos que esta triste realidade não é vivenciada pelas mulheres só no Rio de Janeiro. Em São Paulo, acompanhamos estarrecidas há algumas semanas, o caso do desaparecimento e assassinato de Mércia Nakashima, onde o principal suspeito também é seu ex-namorado. Em Lauro de Freitas, Bahia, no dia 17 de Abril Mônica Peixinho, 28 anos, foi encontrada morta com um tiro na nuca e seu principal suspeito é seu companheiro, que continua solto.
Estes e tantos outros casos de violência contra a mulher, muitas vezes não noticiados pela grande imprensa, que ocorrem pelo Brasil a fora, nos mostra que nós mulheres não estaremos seguras enquanto a Lei Maria da Penha não for aplicada sem exceções; enquanto persistir a impunidade e a banalização da violência contra nós mulheres; enquanto não tivermos profissionais capacitadas(os) para atender as mulheres vítimas de violência, que tem coragem para denunciar a violência vivida nas DEAMs; enquanto o Estado não for capaz de garantir a segurança das mulheres que tentam romper o ciclo de violência.
Para tanto é fundamental que as medidas protetivas sejam efetivamente implementadas e que as mulheres possam contar com a proteção da polícia, acompanhamento jurídico e psicológico por parte do Estado; e a criação dos Juizados Especiais de Violência doméstica e intrafamiliar contra a mulher é uma importante ferramenta para coibir a violência. Todas estas medidas estão previstas na Lei Maria da Penha, porém não estão sendo implementados.
Os verdadeiros motivos que levam esses agressores a cometer estes terríveis crimes, estão enraizados em valores disseminados cotidianamente em nossa sociedade. Onde a mulher é vista como objeto, que devem estar a disposição dos homens, sobre as quais eles devem manter o poder sobre seus corpos, seus sentimentos, seus atos. E quando não mais é possível dominá-las, estes determinam sobre suas vidas e morte.
Assim, devemos neste momento nos questionar até quando a nossa sociedade aceitará violências, agressões, tortura e morte de mulheres, mascaradas pela desculpa do amor. Até quando permitiremos que o amor em nossa sociedade seja usado como desculpa para manter posse, poder e domínio sobre as mulheres... Devemos lembrar a velha frase usada pelo movimento feminista, mas infelizmente, ainda longe de sair de contexto: QUEM AMA NÃO MATA! Devemos ficar atentas, pois em nossa sociedade esta mais do que provado que O MACHISMO MATA!!!
Por isso devemos nos unir e espalhar por todos os cantos deste país: Chega de machismo, chega de violência, chega de mortes... POR MIM, POR NÓS E PELAS OUTRAS NÃO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER!
Rio de Janeiro, 09 de julho de 2010.
ASSINAM:
Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB; Associação de Mulheres de Cavalcanti; ASPLANDE; Casa da Mulher Trabalhadora – CAMTRA; Caminhos de Luz; CEASM/Museu da Maré; Centro de Documentação e Informação Coisa de Mulher; Centro de Mulheres dos Pombos; Centro de Pesquisas Criminológicas do Rio de Janeiro; Centro Socorro Abreu de Desenvolvimento Popular e Apoio a Mulher; Coletivo de Mulheres Negras do RJ; Coletivo Rap de Saia; Conselho de Mulheres da Zona Oeste; Com Causa – Cultura de Direitos; Conselho Estadual dos Direitos da Mulher; Cultura e Gênero – UNESP; Fórum Feminista do Rio de Janeiro, Grupo Tia Angélica; Instituto BAOBAB – Educação, Gênero e Cultura Negras; O Movimento do Graal no Brasil; Movimento D’ELLAS; Rede de Mulheres Negras-PR; Movimento Negro Unificado de Pernambuco; Rede de Desenvolvimento Humano; Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Reprodutivos; Se essa Rua fosse Minha; Sociedade das Jovens Negras Feministas de Pernambuco; União Brasileira de Mulheres; e mais 1045 assinaturas de cidadãs e cidadãos brasileiras(os).
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Não as obriguem a sofrer
Foto - abc.i-brasil.com
É uma violência obrigar uma mulher a manter por nove meses a gravidez de
um feto que nascerá morto ou morrerá instantes depois do parto
Sofrimento. Essa é a palavra que resume o sentimento de mulheres
gestantes de fetos anencéfalos (com má-formação cerebral).
Além da dor imposta pelo diagnóstico, elas enfrentam uma verdadeira saga
nos tribunais ao terem de negociar sua angústia com promotores e juízes
em busca de conquistar o direito legal para interromper a gravidez.
Infelizmente, no Brasil, a autorização para a antecipação de partos de
fetos anencéfalos é feita caso a caso e envolve crenças e valores dos
juízes.
No último dia 17, mais um tribunal autorizou a interrupção da gestação
de um feto anencéfalo.
Apesar de negada em primeira instância, a decisão da 13ª Câmara Cível do
Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi unânime. O relator,
desembargador Alberto Henrique, enfatizou que a continuação da gravidez
"tornou-se um sacrifício para a mãe".
Essa liminar funda-se em três preceitos básicos da Constituição Federal
de 1988: o respeito à dignidade humana; o direito à liberdade e à
autodeterminação; e o direito a uma vida saudável.
Estima-se que, no país, 2.000 mulheres grávidas de fetos anencéfalos já
interromperam a gestação por meio de alvarás judiciais.
Na maioria, são mulheres pobres e usuárias dos serviços públicos de
saúde, em que a exigência da autorização judicial é condição para o
procedimento.
Dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia apontam que mais de 97% dessas mulheres estão expostas a
riscos de saúde. É uma violência obrigar uma mulher a manter por nove
meses a gravidez de um feto que nascerá morto ou morrerá instantes após
o parto.
Também é desumano submetê-la a uma gestação de risco.
Nessa situação, é inegável a atitude autoritária do Estado, que força
mulheres a se manterem grávidas contra sua vontade.
Portanto, é fundamental deixar claro que as mulheres não necessitam de
tutela para tomar decisão; elas necessitam de informação e apoio para
fazer suas escolhas.
Nesse processo, é importante que elas sejam vistas como sujeitos de
direito e respeitadas como tal.
Diante desse contexto, urge que o Supremo Tribunal Federal coloque na
pauta de seu pleno a questão. As quatro audiências públicas realizadas
ao longo de 2009, que contaram com a participação de representantes
governamentais, entidades da sociedade civil e especialistas da área
forneceram elementos fundamentais à decisão dos ministros, incluindo
toda sorte de contraditórios.
É preciso que haja uma decisão definitiva sobre o caso para que
gestantes não sejam submetidas a uma verdadeira via-crúcis.
Estudos mostram que a maioria das mulheres grávidas de fetos anencéfalos
prefere antecipar o parto. Pesquisa feita em 2008 pelo Ibope mostra que
72% das mulheres católicas entrevistadas são a favor de que grávidas de
fetos anencéfalos tenham o direito de optar entre interromper a gestação
ou mantê-la.
Uma alteração na legislação vigente não significará a obrigatoriedade da
interrupção da gravidez de fetos anencéfalos, mas a facultará e
reconhecerá que o direito à não violência é inalienável.
É fundamental, nesses casos, que as mulheres possam decidir se desejam
ou não levar adiante a gestação, e o Estado deve garantir todos os
recursos necessários para dar suporte às suas escolhas.
Por Nilcéa Freire - (57) médica, Ministra da Secretaria de Políticas para as
mulheres.
FOLHA DE SÃO PAULO (SP) * OPINIÃO * 14/7/2010
TENDÊNCIAS/DEBATES
terça-feira, 13 de julho de 2010
REPRESENTANTE DA SOCIEDADE CIVIL APRESENTA DEMANDAS AOS GOVERNOS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE
A XI Conferencia Regional sobre a Mulher da America Latina e do Caribe a Conferência da Cepal que se realiza em Brasilia de 13 a 16 de julho, recebe mais de 300 participantes.
Integram a delegação brasileira 18 conselheiras da sociedade civil, 14 conselheiras governamentais e duas conselheiras de notório conhecimento.
Preside a Conferencia a Ministra Nilceia Freire que juntamente com Michele Bachelet receberam aplausos efusivos da plenaria.
A companheira Elza Maria Campos que recentemente assumiu a coordenacao nacional da UBM tambem tomara assento no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e integra a delegacao brasileira.
Hoje o documento aprovado pela plenaria da sociedade civil foi apresentado na Plenaria da Conferencia.
REPRESENTANTE DA SOCIEDADE CIVIL APRESENTA DEMANDAS AOS GOVERNOS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE
13 07 2010.
A coordenadora Nacional do Solidarite Fanm Ayisyen (SOFA), Lise Marie Dejean, do Haiti apresentou, na tarde de hoje, a declaração elaborada pela sociedade civil, por ocasião da XI Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe.
Lise Marie Dejean destacou a diferença entre os gêneros no mercado de trabalho, a discriminação e o abuso sexual, que seguem sendo uma constante na região. A haitiana, que representa as organizações da sociedade civil em defesa da mulher, criticou a criminalização do aborto e a discriminação às lésbicas (lesbofobia).
Dejean criticou os baixos níveis de participação das mulheres nos governos, em especial as mulheres negras e indígenas. Denunciou ainda a perseguição a ativistas que lutam pelas mulheres, especialmente em países da América Central, assim como México e Colômbia.
Ao final, Lise Marie, exigiu, em nome da sociedade civil organizada, providências dos governos da América Latina e do Caribe a solucionarem prontamente os impasses que impedem a construção de uma sociedade igualitária do ponto de vista do gênero.
Integram a delegação brasileira 18 conselheiras da sociedade civil, 14 conselheiras governamentais e duas conselheiras de notório conhecimento.
Preside a Conferencia a Ministra Nilceia Freire que juntamente com Michele Bachelet receberam aplausos efusivos da plenaria.
A companheira Elza Maria Campos que recentemente assumiu a coordenacao nacional da UBM tambem tomara assento no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e integra a delegacao brasileira.
Hoje o documento aprovado pela plenaria da sociedade civil foi apresentado na Plenaria da Conferencia.
REPRESENTANTE DA SOCIEDADE CIVIL APRESENTA DEMANDAS AOS GOVERNOS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE
13 07 2010.
A coordenadora Nacional do Solidarite Fanm Ayisyen (SOFA), Lise Marie Dejean, do Haiti apresentou, na tarde de hoje, a declaração elaborada pela sociedade civil, por ocasião da XI Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe.
Lise Marie Dejean destacou a diferença entre os gêneros no mercado de trabalho, a discriminação e o abuso sexual, que seguem sendo uma constante na região. A haitiana, que representa as organizações da sociedade civil em defesa da mulher, criticou a criminalização do aborto e a discriminação às lésbicas (lesbofobia).
Dejean criticou os baixos níveis de participação das mulheres nos governos, em especial as mulheres negras e indígenas. Denunciou ainda a perseguição a ativistas que lutam pelas mulheres, especialmente em países da América Central, assim como México e Colômbia.
Ao final, Lise Marie, exigiu, em nome da sociedade civil organizada, providências dos governos da América Latina e do Caribe a solucionarem prontamente os impasses que impedem a construção de uma sociedade igualitária do ponto de vista do gênero.
sábado, 10 de julho de 2010
Nota de Repúdio à atitude discriminatória contra Dilma e as Mulheres
A charge do cartunista Nani reproduzida no blog do jornalista Josias de Sousa no dia 8 de julho de 2010 é absurda, indigna e ofensiva não só a dignidade da candidata Dilma Roussef, mas extensiva a todas as mulheres brasileiras independente de suas escolhas político-partidárias.
Só em uma sociedade midiática em que predominam ainda valores machistas é possível veicular “impunemente” uma charge tão desqualificadora das mulheres e tão discriminadora com as profissionais do sexo, as quais ainda se constituem como objeto de usufruto masculino.
Além do desrespeito e deselegância presentes na charge sobre a mulher na política, esta candidata tem uma história de luta contra o conservadorismo e as injustiças sociais, a charge reforça o preconceito sexista em relação as mulheres na política, desqualificando-as e fortalecendo o poder masculino.
Por onde irá se conduzir a ética dos comentaristas e chargistas políticos no vale-tudo da campanha eleitoral abrigados sob o teto da liberdade de imprensa?
Brasília, 8 de julho de 2010
Assinaturas de Apoio
• Lourdes Bandeira – Professora Doutora da UNB
• Hildete Pereira de Melo- Professora Doutora da UFF
• Severine Macedo –Secretária Nacional da Juventude do PT
• Liege Rocha -Secretaria Nacional da Mulher do PCdoB
• Marcia Campos -Presidente da FEDIM
• Elza Maria Campos -Coordenadora Nacional da UBM
• Cecilia Sadenberg- Professora Doutora do UFBA
• Madalena Ramirez Sapucaia- Professora da PUC/RJ
• Jeanete Mazzieiro – Conselheira do CNDM-Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – Diretório Nacional do PMDB Mulher
• Maria Elvira Salles Ferreira – Conselheira do CDES-Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República
Presidente Nacional do PMDB Mulher
• Schuma Schumaher – Coordenadora Executiva da Redeh
• Fátima Pacheco Jordão – Fundadora do Instituto Patricia Galvão, Conselheira do Conar e do Idec
• Guacira Cesar de Oliveira – Diretora do Colegiado do Cfemea
• Lisandra Arantes – advogada e consultora de projetos sociais
• Telia Negrão – Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos
• Clara Maria de Oliveira Araújo – Professora Doutora da UERJ.
• Nara Teixeira de Souza - CONTEE
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Secretaria de Políticas para as Mulheres, agora é Ministério.
O Plenário aprovou nesta terça-feira, em votação simbólica em que não há registro individual de votos. A Medida Provisória 483/10, que dá status de ministérios a quatro secretarias vinculadas à Presidência da República e cria e transforma cargos em comissão.
De acordo com a medida, passam a ser ministérios as secretarias de Políticas para as Mulheres; de Direitos Humanos; de Portos; e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Dentre essas secretarias, apenas o titular da pasta de igualdade racial já tinha na prática status de ministro de Estado.
Saudamos esta conquista merecida pela brava luta das mulheres brasileiras. Parabenizamos a Ministra Nilceia Freire pelo trabalho à frente do Ministério de Política para as Mulheres! A Ministra Nilcéa Freire, destacou: "agora com a aprovação pela Câmara da MP é que se consolida mais esta vitória."
No Paraná, também estamos em festa, o Governador do Estado Orlando Pessuti enviou projeto enviou projeto à Assembléia Legislativa que cria a Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, atendendo reivindicação do movimento feminista e de mulheres! Parabéns às Mulheres, nossa saudação ao Governador do Paraná!
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Cem anos de Pagu, musa do modernismo
Em seu centenário, a rebelde Patrícia Galvão ganha fotobiografia e programação em várias cidades.
Pagu era comunista e é uma referência no debate sobre a emancipação da mulher
Ela foi precoce em tudo. Aos 12 anos, conheceu o diretor do primeiro filme neorrealista brasileiro, Fome (1931), Olympio Guilherme, com quem teve sua primeira experiência sexual. Aos 19, começou um explosivo romance com o escritor Oswald de Andrade, levando-o a terminar seu casamento com a pintora Tarsila do Amaral. Aos 20 anos, militante, incendiou o bairro do Cambuci em protesto contra o governo provisório. E, aos 21, tornou-se a primeira mulher presa no Brasil por motivos políticos, substituindo num comício comunista um amigo estivador, morto em seu braços pela polícia. Essa foi Patrícia Galvão, diva do movimento modernista brasileiro cujo centenário de nascimento é comemorado hoje com a abertura da programação Viva Pagu, no Centro de Estudos Pagu Unisanta, em Santos.
Programação
A programação do centenário envolve várias cidades, entre elas Santos, Paraty (na Flip) e São Paulo (nesta quinta, 9, serão apresentadas cartas inéditas suas na Casa das Rosas). No dia 1º de julho, no mesmo local, será lançado o livro Viva Pagu - Fotobiografia de Patrícia Galvão, de Lúcia Maria Teixeira Furlani e Geraldo Galvão Ferraz, seguido de uma exposição com imagens raras da também pioneira escritora militante: é dela o primeiro romance proletário publicado no Brasil, Parque Industrial (1931).
A fotobiografia, com documentos inéditos, será seguida (no fim do ano) por uma coleção de quatro livros que reúne toda a produção jornalística de Pagu. Associada à figura da extravagante garota que conquistou o inventor do modernismo e depois virou militante comunista, Pagu, parente de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, foi amiga de intelectuais como Borges e Breton. ela morreu em 1962 e traduziu autores importantes (Ionesco, Arrabal), formando dramaturgos como Plínio Marcos.
Versátil, ela também foi dramaturga
Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, também criou para o teatro. Foram peças curtas em um ato, como Fuga e Variações, escrita em 1954. Ela resumiu assim esse seu trabalho: "Jovens colegiais em conflito com os pais, a própria condição, o ambiente, os estudos, os ideais, a religião, a verdade, a liberdade e a coação com o mundo."
Reprodução
Pagu e Oswald de Andrade, romance que começou quando tinha 19 anos
Inspiração. Ao conhecer Tarsila e Oswald, aos 18 anos, ficou tão influenciada por ela que copiou seu estilo de desenho
Paixão. Pagu e Oswald de Andrade recém-casados, em 1930, uma relação marcada pelo sofrimento por causa da infidelidade do marido
Engajamento. Capa do primeiro romance proletário brasileiro, Parque Industrial (1931), que Pagu assinou com pseudônimo
Portal Vermelho - 4 de julho de 2010
[republicado do jornal 'O Estado de São Paulo']
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Serra não entende das lutas das mulheres
Segundo o candidato, a legalização do aborto “Dificultaria o trabalho de prevenção... Vai (ter) gravidez para todo o lado porque (a mulher) vai para o SUS e faz o aborto”, “seria uma carnificina”, disse o candidato, demonstrando retumbante ignorância dos números que acompanham a tragédia dos abortos inseguros no país, bem como da subjetividade feminina.
O candidato tucano à presidência, José Serra, posicionou-se contra a descriminalização do aborto em sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal UOL, na capital paulista. A legislação atual no Brasil só permite o aborto em casos de estupro ou de risco de morte para a mãe e é uma das mais restritivas do mundo. (Dia 21/06).
Estima-se que, ainda assim, mais de 1 milhão de abortos clandestinos sejam realizados no país, resultando em mais 250 mil internações no SUS e na quarta causa de mortalidade materna no Brasil. Contradizendo o raciocínio de Serra, os países onde o aborto é legalizado apresentam as menores taxas de abortamento do mundo, bem como de mortalidade materna (na Holanda, por exemplo, encontra-se abaixo de 1%). Isto porque a legalização do aborto veio acompanhada de uma política de planejamento familiar, com educação sexual e acesso fácil à contracepção. Tal como defendido historicamente pelo movimento feminista aqui no Brasil.
Disto se conclui que não é a proibição, mas o acesso à contracepção e educação sexual que evitam abortamentos. Corrobora com esta tese o dado de que os maiores índices de abortos estão nos países onde sua prática é considerada crime, em geral países pobres e/ou sob forte influência religiosa no Estado. Nestes sim ocorrem verdadeiras carnificinas, mas de mulheres que se submetem aos procedimentos mais grotescos para interromper uma gravidez indesejada, muitas vezes resultando em infecções uterinas que podem esterilizar e até matar. Realizado de forma legal e segura, o aborto é um procedimento cirúrgico ou medicamentoso simples.
Ou seja, o argumento utilizado por Serra, de que a descriminalização do aborto "Dificultaria o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Vai (ter) gravidez para todo o lado porque (a mulher) vai para o SUS (Sistema Único de Saúde) e faz o aborto", baseia-se na idéia de que realizar um aborto para uma mulher é um piquenique, um passeio dominical, algo banal e corriqueiro. Nada mais distante da subjetividade feminina que tal impropério.
Já está claro que o candidato não possui um projeto de nação para o Brasil, então ele se lança a “achologias” -- neste caso, bastante machistas -- sobre temas aparentemente acessórios, mas que revelam sua concepção de mundo (de direita, patriarcais, racistas e homofóbicas), além de bastante desinformação e despreparo, e que são repercutidas pela mídia hegemônica como opiniões das mais sábias e consubstanciadas.
Ser mãe é um direito, não uma obrigação
A decisão acerca da realização do aborto ou não é de foro íntimo e não cabe ao Estado, que se supõe laico. E o candidato tucano deveria saber disso. Contudo, não se pode acusá-lo de incoerência: criminalizar as mulheres que abortam é bastante condizente com quem se recusou, durante 11 meses, enquanto governador do estado, a assinar o Pacto Nacional Pelo Fim da Violência Contra a Mulher, proposto pelo Governo Federal; e que submete as gestantes do estado de São Paulo à realização de partos sem anestesia, como revelou relatório “secreto” da Secretaria Estadual de Saúde. Coerente também com quem, para desqualificar a candidata da situação ao pleito presidencial, acusa de “não ser líder”, aquela que é “a mãe do PAC”. Baixaria machista pura e aplicada.
Apesar da posição conservadora a respeito do aborto, o candidato se disse favorável à união civil de homossexuais e à adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Entretanto, cometeu um ato falho: "Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil que, para elas, é uma salvação", disse. Ou seja, a adoção de crianças por homossexuais só seria aceitável porque sem isso elas estariam em situação muito pior, e não porque o Estado brasileiro deve encarar as novas formas de organização familiar sem preconceitos e respeitar os direitos das famílias homoafetivas.
Completando a onda de preconceitos, Serra se colocou também contra as cotas raciais.
O verdadeiro atraso
Serra admitiu ter um "problema com o relógio". Ele chegou à sabatina com 44 minutos de atraso e disse ter perdido a hora ao analisar notícias do dia. "Eu detesto me atrasar. Isso posso dizer em minha defesa. Eu sofro também, como aqueles que esperam", disse. A ele digo o seguinte: não se aflija, candidato, esses 44 minutos não significam nada perto do atraso de 5 séculos que você e sua camarilha neoliberal irão impor ao povo brasileiro caso retornem ao governo. O que, no que depender do movimento de mulheres e das forças progressistas, não irá acontecer jamais. Estamos todos com Dilma para avançar, avançar e avançar!
Por Mariana de Rossi Venturini, da União Brasileira de Mulheres e da União da Juventude Socialista.
O candidato tucano à presidência, José Serra, posicionou-se contra a descriminalização do aborto em sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal UOL, na capital paulista. A legislação atual no Brasil só permite o aborto em casos de estupro ou de risco de morte para a mãe e é uma das mais restritivas do mundo. (Dia 21/06).
Estima-se que, ainda assim, mais de 1 milhão de abortos clandestinos sejam realizados no país, resultando em mais 250 mil internações no SUS e na quarta causa de mortalidade materna no Brasil. Contradizendo o raciocínio de Serra, os países onde o aborto é legalizado apresentam as menores taxas de abortamento do mundo, bem como de mortalidade materna (na Holanda, por exemplo, encontra-se abaixo de 1%). Isto porque a legalização do aborto veio acompanhada de uma política de planejamento familiar, com educação sexual e acesso fácil à contracepção. Tal como defendido historicamente pelo movimento feminista aqui no Brasil.
Disto se conclui que não é a proibição, mas o acesso à contracepção e educação sexual que evitam abortamentos. Corrobora com esta tese o dado de que os maiores índices de abortos estão nos países onde sua prática é considerada crime, em geral países pobres e/ou sob forte influência religiosa no Estado. Nestes sim ocorrem verdadeiras carnificinas, mas de mulheres que se submetem aos procedimentos mais grotescos para interromper uma gravidez indesejada, muitas vezes resultando em infecções uterinas que podem esterilizar e até matar. Realizado de forma legal e segura, o aborto é um procedimento cirúrgico ou medicamentoso simples.
Ou seja, o argumento utilizado por Serra, de que a descriminalização do aborto "Dificultaria o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Vai (ter) gravidez para todo o lado porque (a mulher) vai para o SUS (Sistema Único de Saúde) e faz o aborto", baseia-se na idéia de que realizar um aborto para uma mulher é um piquenique, um passeio dominical, algo banal e corriqueiro. Nada mais distante da subjetividade feminina que tal impropério.
Já está claro que o candidato não possui um projeto de nação para o Brasil, então ele se lança a “achologias” -- neste caso, bastante machistas -- sobre temas aparentemente acessórios, mas que revelam sua concepção de mundo (de direita, patriarcais, racistas e homofóbicas), além de bastante desinformação e despreparo, e que são repercutidas pela mídia hegemônica como opiniões das mais sábias e consubstanciadas.
Ser mãe é um direito, não uma obrigação
A decisão acerca da realização do aborto ou não é de foro íntimo e não cabe ao Estado, que se supõe laico. E o candidato tucano deveria saber disso. Contudo, não se pode acusá-lo de incoerência: criminalizar as mulheres que abortam é bastante condizente com quem se recusou, durante 11 meses, enquanto governador do estado, a assinar o Pacto Nacional Pelo Fim da Violência Contra a Mulher, proposto pelo Governo Federal; e que submete as gestantes do estado de São Paulo à realização de partos sem anestesia, como revelou relatório “secreto” da Secretaria Estadual de Saúde. Coerente também com quem, para desqualificar a candidata da situação ao pleito presidencial, acusa de “não ser líder”, aquela que é “a mãe do PAC”. Baixaria machista pura e aplicada.
Apesar da posição conservadora a respeito do aborto, o candidato se disse favorável à união civil de homossexuais e à adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Entretanto, cometeu um ato falho: "Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil que, para elas, é uma salvação", disse. Ou seja, a adoção de crianças por homossexuais só seria aceitável porque sem isso elas estariam em situação muito pior, e não porque o Estado brasileiro deve encarar as novas formas de organização familiar sem preconceitos e respeitar os direitos das famílias homoafetivas.
Completando a onda de preconceitos, Serra se colocou também contra as cotas raciais.
O verdadeiro atraso
Serra admitiu ter um "problema com o relógio". Ele chegou à sabatina com 44 minutos de atraso e disse ter perdido a hora ao analisar notícias do dia. "Eu detesto me atrasar. Isso posso dizer em minha defesa. Eu sofro também, como aqueles que esperam", disse. A ele digo o seguinte: não se aflija, candidato, esses 44 minutos não significam nada perto do atraso de 5 séculos que você e sua camarilha neoliberal irão impor ao povo brasileiro caso retornem ao governo. O que, no que depender do movimento de mulheres e das forças progressistas, não irá acontecer jamais. Estamos todos com Dilma para avançar, avançar e avançar!
Por Mariana de Rossi Venturini, da União Brasileira de Mulheres e da União da Juventude Socialista.
domingo, 13 de junho de 2010
TRABALHADORAS DOMÉSTICAS OBTÉM VITÓRIAS!
Criação de Convenção para o trabalho doméstico é aprovada na 99ª Conferência da OIT
Trabalhadoras domésticas de todo o mundo tiveram uma importante conquista nesta última semana: a garantia da criação de uma Convenção que transforma a relação de exploração e uma relação de direitos.
Esta vitória aconteceu na 99ª Conferência da OIT – Organização Internacional do Trabalho, que se realiza entre os dias 2 e 18 de junho de 2010 em Genebra, na Suíça. Após uma emocionante votação, ainda na primeira semana de discussões tripartites, o grupo de trabalhadores, com o apoio de muitos governos garantiu a proposta de criação de uma Convenção para o trabalho doméstico, seguida de recomendação. Os empresários tentavam aprovar uma emenda indicando a elaboração de uma recomendação apenas.
O objetivo da Convenção é garantir a proteção para essas trabalhadoras e trabalhadores, transformando a relação de exploração em uma relação de direitos. Para Rosane Silva, secretária nacional da mulher trabalhadora da CUT e que integra o time de trabalhadoras na Conferência da OIT, essa foi uma importante vitória da classe trabalhadora e dos trabalhadores e trabalhadoras domésticas em todo o mundo. “Não acabou. Até o final da Conferência ainda debateremos questões cruciais como, por exemplo, definições de trabalho doméstico e o papel das agências de emprego”, enfatizou Rosane.
O trabalho decente para trabalhadoras e trabalhadores domésticos é o tema central da 99ª Conferência. A OIT estima a existência de mais de 100 milhões de trabalhadoras e trabalhadores domésticos no mundo, que são, majoritariamente, mulheres.
Fonte: www.cut.org.br 08/06/2010
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